O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, reconheceu hoje, no parlamento, problemas no funcionamento e no desempenho do Sistema Nacional de Saúde (SNS), mas enumerou avanços, como a recente certificação do país livre de malária.
“Estamos conscientes que existem problemas no funcionamento e no desempenho do nosso SNS, mas o país tem registado avanços e estamos empenhados em fazer face aos problemas e ultrapassá-los”, afirmou o chefe do Governo.
No debate mensal com o primeiro-ministro no parlamento cabo-verdiano, desta vez sobre saúde e desenvolvimento, proposto pelo Governo, Ulisses Correia e Silva disse que um dos desafios do país neste setor passa pelas assimetrias regionais e necessidade de aumentar o número de médicos.
Na intervenção inicial na sessão, o chefe do executivo recordou que o país começou bem este ano, com a certificação por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS) como livre da malária, entendendo que o “grande desafio” é manter essa condição.
“Uma grande responsabilidade de todos, para manter o trabalho contínuo de prevenção e vigilância para evitar a reintrodução da doença no país. Todos, significa, Governo, câmaras municipais, organizações da sociedade civil e os cidadãos”, apelou.
Também recordou o “sucesso” do país no combate à pandemia de covid-19, a declaração em novembro de 2016 de país livre de pólio, e com cobertura vacinal superior a 95%, e referiu que outro objetivo é eliminar o sarampo, a rubéola e o tétano materno e neonatal do arquipélago.
No que diz respeito à prevalência do VIH/Sida na população geral e da transmissão vertical, notou uma diminuição e disse que a certificação da eliminação da transmissão vertical da sífilis e do VIH é uma “prioridade estratégica”.
O primeiro-ministro enumerou várias políticas, reformas e investimentos em curso e previstos no país, lembrando, posteriormente em resposta ao maior partido da oposição, que o Governo tem mandato até 2026.
A deputada do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) Josina Fortes disse que espera ver concretizadas pelo Governo algumas promessas feitas desde 2016, dizendo que têm vindo a ser estrategicamente “refogadas”.
E deu como exemplo o centro ambulatorial do Hospital Batista de Sousa (HBS), em São Vicente, cujas obras estão paradas há mais de um ano, bem como em alguns centros de saúde, em que o primeiro-ministro garantiu que os processos para a construção estão em curso.
“A lista das falhas nos compromissos do Governo neste setor é gigante”, criticou a porta-voz da bancada parlamentar do maior partido da oposição, que alertou para as “assimetrias” entre os dois maiores hospitais centrais do país (Praia e Mindelo) e disse que o executivo “tem falhado”.
A deputada do grupo parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD, no poder) Isa Miranda também sublinhou os ganhos nos últimos anos na saúde, como a introdução de novas vacinas, melhores cuidados primários e o enfrentamento pandemia da covid-19 e outras doenças.
A deputada e porta-voz da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) Dora Pires também reconheceu melhorias no setor, mas frisou que país passou a ter outras situações de saúde em que o sistema não está preparado para as enfrentr, como o aumento de doenças não transmissíveis e escassez de medicamentos no mercado.
A Semana com Lusa
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