O relatório da Amnistia Internacional publicado na quinta-feira, ao fim de um inquérito de quatro meses, acusa o Exército ucraniano de pôr civis em perigo ao colocar infraestruturas militares em áreas residenciais. Em resposta indignada, o presidente Volodymyr Zelensky chega a acusar a ong de "tentar amnistiar o Estado terrorista" russo ao pôr “a vítima e o agressor em pé de igualdade".
Esta sexta-feira a secretária-geral da Amnistia defendeu o relatório cujas conclusões estão "assentes em provas obtidas durante investigações de grande amplitude submetidas às mesmas normas rigorosas e processos de verificação que caraterizam o trabalho da Amnistia Internacional", garante Agnès Callamard.
No relatório, a AI "indicou claramente que as práticas militares ucranianas" descritas, que incluem a instalação de infraestruturas militares em escolas e hospitais, "não justificam em nada as violações sistemáticas do direito internacional pela Rússia", reafirmou a secretária-geral.
Zelensky considerou que “ignorar as violações cometidas por uma parte privilegiada em relação a outra não devem constituir uma forma de abordar a questão dos direitos humanos” e que o relatório da AI "coloca de uma certa maneira a vítima e o agressor em pé de igualdade".
A responsável da AI lamentou a reação das autoridades ucranianas "que se arrisca a paralisar uma discussão legítima e importante destas questões" sobre a proteção de civis. Sublinhou ainda que dirigiu um pedido de reação ou de comentário antes da publicação do relatório –- e que o governo de Kiev não respondeu.
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