terça-feira, 26 agosto 2025

E ECONOMIA

EUA impõem tarifas de 50% ao Brasil: “São sanções, não há como estar preparado”

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Os Estados Unidos da América impuseram tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir desta quarta-feira, 6 de Agosto. A medida é vista como sanção política de Donald Trump em resposta ao processo contra o antigo Presidente Jair Bolsonaro. Apesar do impacto, 694 produtos foram isentos, depois te ter havido pressão interna nos EUA. Segundo o politólogo Emerson Cervi, não houve diálogo directo entre Lula da Silva e Donald Trump e a medida reflecte mais imposição do que diplomacia.

Entraram em vigor esta quarta-feira, 6 de Agosto, as novas tarifas alfandegárias impostas pelos Estados Unidos contra o Brasil. O decreto, assinado pelo Presidente Donald Trump no final de Julho, estabelece uma sobretaxa de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros exportados para os EUA , o valor mais alto aplicado a qualquer país. A medida representa um golpe económico para o Brasil e é interpretada como um gesto político com motivações que vão além da economia.

Para o professor Emerson Cervi, do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná, a decisão tem o peso e o alcance de uma verdadeira sanção: “As tarifas são sanções. O Presidente norte-americano resolveu sancionar o Brasil com essas tarifas. E não tem como o país estar preparado para enfrentar sanções como essas, se nós considerarmos que os Estados Unidos são o segundo país em parceria comercial com o Brasil. Há um impacto, sim”.

No entanto, nas últimas semanas houve algum alívio nos sectores político e económico do Brasil. O decreto prevê uma lista de 694 produtos isentos da sobretaxa, o que exclui sectores estratégicos como derivados do petróleo, componentes aeronáuticos e produtos siderúrgicos.

“Esperava-se até um impacto maior, mas a lista de excepções aliviou a maioria dos segmentos que seriam atingidos por essas sanções. Ficaram alguns grandes segmentos apenas, mas os maiores não entraram. Foram incluídos numa lista de exceções de quase 700 produtos”, descreve o analista.

No entanto, o politólogo destaca que o problema está longe de estar resolvido. “O Brasil está a tentar preparar-se para enfrentar sanções do seu segundo maior parceiro comercial, mas isso significa que não é algo que vai ser resolvido em curto prazo”, alerta.

A aplicação das tarifas acontece num momento de tensão política entre Washington e Brasília. Donald Trump tem criticado a justiça brasileira pelo prosseguimento das investigações contra  o antigo Presidente Jair Bolsonaro, seu aliado ideológico. O representante norte-americano ao Comércio, Jamieson Greer, afirmou que o Presidente “constatou no Brasil, como noutros países, um mau uso da lei e da democracia”, e justificou as tarifas como uma ferramenta legítima de pressão geopolítica. “É normal usar esses instrumentos tarifários em questões geopolíticas”, acrescentou.

Contudo, para Emerson Cervi, a decisão não resulta de um diálogo directo entre os líderes dos dois países: “Pelo menos oficialmente, não houve esse diálogo entre Lula da Silva e Donald Trump. Parece-me que houve mais pressão dos sectores nos Estados Unidos que sofreriam com as tarifas de 50%, inclusive com impacto muito grande na inflação daquele país”.

O analista cita o caso da Embraer como um exemplo de pressão interna que levou à criação da lista de excepções: “Seriam, inicialmente, taxadas em 50% as aeronaves e peças da Embraer, que é a empresa brasileira que fornece aviões para 80% da aviação regional dos Estados Unidos. Imaginem o impacto que isso teria sobre o custo de operação das empresas aéreas. Não são só os aviões novos, também sobre as peças de reposição dos aviões que já estão em circulação”.

Outro exemplo é o do sumo de laranja brasileiro, produto consumido nos EUA. “Se fosse aplicada a tarifa de 50%, o sumo de laranja brasileiro teria um impacto gigantesco na inflação do cidadão comum dos Estados Unidos. Isso fez com que Trump recuasse. Acho que foi mais essa pressão interna do que capacidade de negociação diplomática”, sublinha.

Na visão do politólogo, o estilo de Donald Trump é marcado pela imposição, e não pela negociação: “Trump é imposição. E a verdade é que poucos líderes mundiais conseguiram responder e pressionar o presidente norte-americano desta forma. Basicamente, só a China e o Brasil, e no caso brasileiro, muito mais por conta de pressões económicas internas dos EUA do que por qualquer capacidade de articulação diplomática”.

Emerson Cervi observa, ainda, que a diplomacia institucional foi deixada de lado por Donald Trump: “A diplomacia é especificamente algo que não existe no governo Trump. O Brasil não conseguiu negociar directamente porque não houve espaço para isso. O que funcionou foi a pressão de sectores norte-americanos prejudicados", concluiu.

O representante comercial dos EUA afirmou que as tarifas são “quase definitivas” e que não haverá negociações no imediato. A maioria das novas tarifas sobre dezenas de países entra em vigor a 7 de Agosto, com variações que vão de 10% a 41%. Para países como a União Europeia, Japão ou Coreia do Sul, os direitos aduaneiros ficam nos 15%; para o Reino Unido em 10%; Indonésia em 19% e Vietname ou Taiwan em 20%. O Brasil foi atingido com a sobretaxa máxima de 50%.

 

A Semana com RFI

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