Um barco artesanal deu hoje à costa na ilha de São Vicente, Cabo Verde, com 11 pessoas, suspeitando-se que tenha estado à deriva desde a Mauritânia, há quatro dias, disse à Lusa fonte da proteção civil.
«Aparentemente, os 11 ocupantes com idades até aos 26 anos não precisam de cuidados de emergência, apesar de estarem a ser sujeitos a observação médica, sendo um deles menor de 16 anos».
É o segundo barco que chega à ilha, desde domingo, num movimento que dura há vários anos, com origem na costa do continente africano para tentar chegar à Europa, através das ilhas Canárias, mais de mil quilómetros a nordeste.
Nesta altura do ano, é uma viagem contra os ventos dominantes.
A maioria dos que arriscam a vida em barcos precários foge da pobreza, violência e instabilidade nos países da região, procurando porto seguro.
Hoje, o alerta foi dado pelas 07:15 (08:15 em Lisboa) e todo o dispositivo da proteção civil está desde então na zona do arrastador, perto da Baía das Gatas (lado nascente da ilha), disse à Lusa Anilton Andrade, vereador com pelouro na ilha de São Vicente.
Aparentemente, os 11 ocupantes com idades até aos 26 anos não precisam de cuidados de emergência, apesar de estarem a ser sujeitos a observação médica, sendo um deles menor de 16 anos.
De acordo com o relato que fizeram às autoridades, são todos naturais do Mali e saíram no sábado da Mauritânia, informações que as autoridades estão a tentar apurar.
O estado de saúde destes náufragos contrasta com o dos ocupantes do barco encontrado no domingo: cinco extremamente debilitados – um viria a morrer no hospital –, após cerca de um mês à deriva no mar, e com outros cinco corpos a bordo.
Aquela primeira embarcação, que deu à costa na zona de Calhau, teria 65 pessoas à partida, deixando antever um balanço trágico na tentativa de chegar à Europa.
Tanto os quatro sobreviventes de domingo como os 11 náufragos encontrados hoje vão ser acolhidos num espaço designado “centro de estágios”, onde o município costuma receber grandes grupos em eventos que decorrem na ilha.
“É um espaço com todas as condições logísticas para acomodação”, referiu Anilton Andrade.
Entretanto, as autoridades envolvidas no dispositivo de proteção civil mantêm buscas em terra e no mar, atentos quanto a outros eventuais ocupantes ou embarcações.
“A nosso ver pode ter a ver com condições de meteorologia e vento, que pode estar a empurrar [embarcações] aqui para são Vicente”, concluiu.
A Semana com Lusa
06 de Março 2024
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