Um holandês que (afinal) não perdeu o faro e o seu herdeiro no ataque dos leões foram as estrelas maiores de um jogo em que o Sporting sofreu até ao fim para conquistar a 17.ª Taça de Portugal da sua história.
O Sporting venceu, esta tarde de sábado, a Taça de Portugal com uma vitória nos penáltis, depois de um empate a duas bolas frente ao FC Porto.
O jogo chegou aos 90’ empatado a uma bola. Aos 101’, Bas Dost marcou o golo que muitos pensaram ter decidido a partida mas, no último minuto de jogo, Felipe levou o jogo para as grandes penalidades. Nos penáltis, Renan defendeu o remate de Fernando Andrade e Luiz Phellype levou a Taça para Alvalade.
Se o objetivo era que o jogo oferecesse muita adrenalina, ainda a bola não rolava e já se fazia por isso. Antes do apito inicial, três motas aproveitaram duas rampas colocadas junto ao relvado para, em voo, fazerem um 360º: na última das motos vinha a bola do jogo.
Entrou mais perigoso o Sporting que, nos primeiros minutos, conseguiu conquistar um pontapé de canto e foi trocando a bola no meio-campo portista. Ainda assim, foi Marega quem aproveitou um deslize perigosíssimo de Mathieu para conduzir a bola pelo flanco direito e tirar um cruzamento para a grande área que encontrou Otávio.
O brasileiro rematou, de primeira, da marca de grande penalidade mas encontrou em Renan uma parede que impediu que o nulo fosse quebrado.
Ao ver isto, Bruno Fernandesquis dar um pontapé no nervosismo sportinguista e, aos nove minutos, ensaiava o seu primeiro remate de longe, obrigando Vaná a aplicar-se. Quem não achou piada foi Otávio, que depressa se certificou de que o via o capitão do Sporting neutralizado, acertando-lhe em cheio na canela.
No livre lateral que castigou a falta foi Raphinha quem rematou, mas desta vez a bola passou ao lado. Em 10 minutos, ambas as equipas já tinham registado remates à baliza e obrigado os guarda-redes a aplicar-se: não estava mal para quem foi ao Jamor ver a partida. Isto, claro, excluindo quem ainda não tinha entrado no estádio.
Dos 22 jogadores titulares nesta partida, só um já tinha vencido a Taça de Portugal: Pepe. Talvez por isso aparentasse ser o membro do eixo defensivo mais calmo. Felipe, por outro lado, era fintado por Diaby de forma tão eficaz que cambaleava ao ver o maliano disparar em direção à baliza. Falhou o último passe, mas o FC Porto continuava a ser avisado. E resultou. Em parte.
Momentos depois, Marega introduzia a bola na baliza de Renan. Festejou-se no Jamor, mas Jorge Sousa teve de estragar a festa: o maliano estava fora de jogo. A meia hora de jogo chegou ao Jamor com um nulo no marcado embora, em campo, a vontade de tirar o 0-0 do placard fosse evidente.
Se o FC Porto já tinha conseguido chegar à baliza com sucesso por uma vez, repetiu-o aos 40’, desta vez de bola parada. Livre batido da esquerda para o coração da grande área e a bola acaba por sobrar para Herrera. Ao segundo poste, o capitão dos dragões devolveu a bola para o ’barulho’ e Soares, nas alturas, marcou o primeiro da partida. Com este golo, o brasileiro marcou o 22.º da época, ultrapassando Marega na lista de melhores marcadores do FC Porto.
O que se seguiu foi uma corrida de Soares até ao banco de suplentes para ir buscar uma camisola em cujas costas se lia "Casillas 1". A dedicatória ao espanhol já tinha sido ensaiada no golo anulado a Marega e, desta vez, aconteceu mesmo. Já o Sporting queixava-se de uma mão de Herrera no momento da receção da bola.
Se as palavras de protesto não resultaram, o Sporting fê-lo dentro do campo. Bruno Fernandes apanhou uma bola perdida à entrada da grande área - cruzada por Acuña - e atirou para o canto inferior da baliza de Vaná, que se limitou a ver a bola entrar. O médio fez o 33.º golo da temporada mas, curiosamente, este foi o seu primeiro golo ao FC Porto.
A jogada ainda foi revista pelo VAR por suspeita de fora de jogo, mas valia mesmo e o jogo chegava ao intervalo empatado a uma bola.
Segunda parte controlada pelo FC Porto
As equipas regressaram ao relvado sem alterações, mas Luiz Phellype esquecera-se de trazer os reflexos para dentro de campo.
Com um minuto de jogo na segunda parte, o brasileiro não foi rápido o suficiente para emendar um cruzamento que tinha vindo da direita, perdendo a oportunidade de colocar os leões na frente do marcador pela primeira vez. Na outra baliza, foi Soares quem, na passada, atirou ao poste da baliza defendida por Renan.
O ponta de lança do FC Porto, que já tinha marcado o seu quinto golo ao Sporting, o quarto com a camisola do FC Porto, era a peça mais perigosa dos dragões no início da segunda parte. Descaído para a esquerda, ia espalhando o caos com a ajuda de Brahimi e Alex Telles.
Quando não era o trio alinhado à esquerda, era Marega quem deixava Mathieu ’nas covas’. O francês apresentou-se muito cansado em campo e acabava por facilitar a vida a Marega, que aos 60’ não marcou porque, com Mathieu deitado no relvado, acabou por lhe acertar.
Ciente dos problemas na zona central da defesa sportinguista, Keizer optou por tirar o já amarelado Bruno Gaspar e lançar Ilori no jogo. Acuña subia no terreno, ocupando a ala esquerda e Raphinha assumia a direita.
A alteração fez com que o FC Porto passasse a repensar o tipo de jogo que fazia nas alas. Brahimi optou por fletir mais vezes, procurando jogar no apoio com Soares, enquanto Felipe e Pepe assumiam a construção de jogo já para lá do meio-campo. Para fixar os centrais, Keizer tirou Diaby e lançou Bas Dost.
Wendel, que esteve no centro das atenções durante a semana - foi apanhado a conduzir em contramão e sem carta de condução - fazia uma exibição discreta. Quando tentou dar um pontapé nessa monotonia, quase marcou: tirou Pepe do caminho e rematou cruzado de forma muito perigosa. Vaná teria ficado a olhar.
Quem também ficou a olhar foi Renan, que num passe para Gudelj viu Herrera antecipar-se-lhe. O mexicano rematou de imediato mas, com Renan tão longe da baliza, era pouco o espaço para colocar a bola. Uma desatenção que podia ter saído muito cara aos leões.
A cinco minutos do final do tempo regulamentar, ninguém parecia ser capaz de resolver o jogo. O Sporting apostava no contra ataque perante um FC Porto que controlou a segunda parte por completo mas que falhava por completo nos momentos de definição.
Aos 90+3’ ainda houve tempo para polémica no Jamor. Coates corta, com o braço, um passe que isolaria Soares. Depressa a equipa do FC Porto rodeou Jorge Sousa, mas a cartolina ao uruguaio foi a amarela, para desânimo dos homens de Sérgio Conceição. O prolongamento chegava ao Jamor.
Os últimos 30 minutos de jogo cedo fizeram a primeira vítima. Militão deitava-se no relvado e tentava que as suas virilhas - tal como o resto do corpo - continuassem a lutar pela Taça de Portugal. Do outro lado do campo, Mathieu também ia gerindo o esforço, já que a idade não perdoa.
Bas Dost estava em campo mas poucos deram por ele... até aos 101’. Acuña tirou um cruzamento muito largo a partir da esquerda, que desviou em Felipe. À ponta de lança, o holandês apareceu ao segundo poste e, com um só toque, marcou o segundo golo do Sporting. Pela primeira vez os leões estavam em vantagem. Este foi o 23.º golo da época de Bas Dost, o segundo ao FC Porto - o outro tinha sido marcado na final da Taça da Liga.
O prolongamento chegava ao intervalo com o Sporting a vencer por 2-1. No início da segunda parte, Raphinha quase deitou tudo a perder para o Sporting ao para um jogador portista a centímetros da linha da grande área sportinguista.
A segunda parte do prolongamento, à semelhança do que se viu nos segundos 45 minutos, pertencia ao FC Porto. Brahimi tentava tudo para decidir o jogo e ia furando, floreado atrás de floreado, pelo flanco esquerdo, mas faltava pontaria e discernimento na aproximação à baliza.
Bruno Fernandes, que já tinha marcado o seu golo, focava-se agora em defender o resultado. Tanto, que chegou a agarrar Manafá pela cintura numa tentativa in extremis de parar um contra ataque. Deu em amarelo para ambos. E em livre. Erro do Sporting.
Livre a partir do flanco direito enviado para o segundo poste. No último minuto da partida, Felipe aparece a saltar mais alto do que toda a gente e empata a partida naquela que muitos pensariam ser a última jogada da partida. O Jamor ia assistir a um desempate através de grandes penalidades.
Soares marcou para o FC Porto. Bas Dost atirou à trave. Danilo marcou. Bruno Fernandes marcou. Pepe atirou à trave. Mathieu marcou. Adrián marcou. Raphinha marcou. Hernâni marcou. Coates marcou. Renan defendeu o penálti de Fernando Andrade. Luiz Phellype marcou e o Sporting venceu a Taça de Portugal 2019. Fontes: TSF/Lusa
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