Os treinadores Flávio Furtado e António Borges vão ser banidos do mundo do boxe cabo-verdiano pela Federação Cabo-verdiana de Boxe. A decisão foi anunciada por Patrício Sebastião, presidente dessa entidade, alegando condutas incorrectas dos visados e que, como disse, têm lesado profundamente a imagem do pugilismo no país.
"Eles chegaram ao ponto de ludibriar o banco, com recurso a carimbo falso da Federação de Boxe. Felizmente que conseguimos solucionar esse problema e, devido a esse e outros comportamentos, vão ser impedidos de participar em toda e qualquer actividade oficial", assegurou Patrício Sebastião, que já intentou queixas-crime junto da Polícia Judiciária contra Flávio, Borges e Barbacho Andrade, em Março deste ano, por causa do problema provocado no banco.
Este caso exemplifica a crispação presente no relacionamento entre a direcção da FCB e alguns elementos liderados pelo técnico Flávio Furtado, que nos últimos tempos têm vindo a exigir a realização de uma assembleia electiva. O imbróglio ganhou tanto fermento que acabou por transbordar para a Procuradoria-Geral da República. Numa exposição feita à PGR no passado mês de Março, Flávio Furtado, "arrogando a qualidade de presidente da Federação", solicitou a intervenção dessa entidade no sentido de se "repor a legalidade violada" no seio da modalidade. Resumidamente, Furtado exigia a marcação de uma assembleia-geral extraordinária para a eleição de novos corpos directivos, com a justificação de que o boxe estava a ser alvo de uma gestão danosa. Na nota enviada à PGR, Furtado deixou claro que o pugilismo e a respectiva federação estavam paralisados e defendia, por isso, o agendamento de novas eleições. Aliás, foi dado seguimento a um processo que levou à realização de uma assembleia electiva a 23 de Novembro último, apenas com as presenças das associações de Santiago Norte e Sul, a qual decidiu "destituir" a direcção da FCB. Só que esse encontro foi efectuado sem a participação dos associados de S. Vicente e do Sal, logo sem os dois terços exigidos estatutariamente.
Na sua reacção, Patrício Sebastião, também invocando a qualidade de presidente do boxe cabo-verdiano, remeteu documentos à PGR a provar que a modalidade, afinal, estava viva e com um plano de actividades delineado. Indo mais longe, Sebastião não só indexou cópia da queixa-crime intentada contra Flávio Furtado junto da Polícia Judiciária e o contrato-programa assinado entre a modalidade e a Direcção-Geral dos Desportos, como ainda acusou Furtado de cometer atropelos aos Estatutos da referida federação.
Após apreciar as causas, a PGR considerou que a federação esteve a funcionar dentro da normalidade, daí não haver motivos para a marcação de uma assembleia extraordinária. Até porque "havia decorrido muito pouco tempo de uma assembleia-geral que havia eleito a actual direcção." "Assim, dúvidas não restam de que todo o processo que culminou com a assembleia extraordinária da FCB, a 23 de Novembro de 2008, com a eleição de novos órgãos e consequente destituição da então direcção, padece de inúmeras irregularidades", diz o acórdão assinado por Alcindo Soares, Procurador-Geral Adjunto. O mesmo realça ainda que as deliberações tomadas nessa reunião são anuláveis, à luz do Código Civil.
Para Patrício Sebastião, o acórdão da PGR veio colocar "ordem na casa" e mostrar de que lado pende a razão. Por isso, uma das suas próximas medidas será interditar a participação dos treinadores Flávio Furtado e António Borges na vida do boxe cabo-verdiano.
Contactado a propósito desta polémica, Flávio Furtado evitou adiantar quaisquer comentários sobre o parecer da PGR e a ameaça veiculada pela direcção da FCB. Apenas deixou no ar que muita água ainda vai correr por debaixo dessa ponte.
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