“Vista do mar, Porto Inglês ergue-se em escadaria, vista do ar, desenha-se em tapeçaria”, canta Betú, filho da ilha, traduzindo em metáfora poética a beleza singular de uma terra esquecida, que insiste em procurar uma história diferente.
O presidente da câmara, Valdino Rely Brito, defende “repensar a discriminação positiva” do Governo em relação ao Maio. Sublinha que os recursos atribuídos estão muito aquém das necessidades locais e apela à criação de um plano de desenvolvimento regional que integre a ilha nas grandes estratégias nacionais de infra-estruturas.Na mesma linha, o Chefe de Estado, José Maria Neves, reconheceu a urgência de “grandes investimentos que consolidem uma economia local dinâmica e geradora de oportunidades, sobretudo para a juventude”, lembrando que a ilha tem condições naturais e humanas para ser muito mais do que é hoje.
Mas entre a escadaria e a tapeçaria, entre o mar e o céu, o Maio permanece estagnado, refém de uma crónica ausência de políticas públicas que impulsionem o seu desenvolvimento económico e social.
A frágil conectividade, que a isola do resto do país e do mundo, continua a ser o maior obstáculo, alimentando a sensação de abandono e minando a esperança dos que aqui resistem, por teimosia ou por amor à terra.
De Figueira a Barreiro, de Morrinho a Calheta, há um assunto comum em cada conversa: a emigração. Para Portugal, Holanda ou outros destinos da Europa, ela surge como a saída mais concreta para muitos que já não encontram alternativa num território paralisado.
Para a juventude, o quadro é ainda mais duro. A taxa de desemprego jovem ronda os 25,4%, a oferta de formação profissional é praticamente inexistente e, no desporto, a escassez de atletas foi tal que nem uma equipa de futebol para disputar o campeonato local se conseguiu formar.
Não surpreende, por isso, o decréscimo populacional de 8,9% na última década, hoje, a ilha conta com pouco mais de seis mil habitantes.
No sector económico, as vozes são de frustração. Operadores turísticos e comerciantes acumulam descontentamento, cansados de sobreviver num ambiente adverso, sem políticas estruturadas que aproveitem o potencial do Maio.
O resultado é visível: a ilha contribui apenas com 1,2% para o Produto Interno Bruto nacional, um dos valores mais baixos do arquipélago.
A ilha, que poderia ser vitrine de oportunidades sustentáveis, continua reduzida a promessa adiada, destino sazonal e nota de rodapé num país que insiste em crescer de forma desigual.
O presidente da câmara, Valdino Rely Brito, defende “repensar a discriminação positiva” do Governo em relação ao Maio. Sublinha que os recursos atribuídos estão muito aquém das necessidades locais e apela à criação de um plano de desenvolvimento regional que integre a ilha nas grandes estratégias nacionais de infra-estruturas.
Na mesma linha, o Chefe de Estado, José Maria Neves, reconheceu a urgência de “grandes investimentos que consolidem uma economia local dinâmica e geradora de oportunidades, sobretudo para a juventude”, lembrando que a ilha tem condições naturais e humanas para ser muito mais do que é hoje.
Enquanto isso, a vida segue lenta. O Maio continua à procura de uma história diferente, lutando para não ficar parado no tempo, nem eternamente prisioneiro da assimetria de um país que cresce a ritmos desiguais.
A Semana com Inforpress
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