Seleção de frases de protagonistas e estudiosos da independência das ex-colónias portuguesas, quando se assinalam 50 anos desses acontecimentos, algumas das quais avançadas à agência Lusa.
A cultura democrática em Cabo Verde “ainda não é a desejável, precisa de se consolidar e resistir a eventuais investidas ou ataques para que não haja retrocessos”.
Jorge Carlos Fonseca, Presidente da República de Cabo Verde entre 2011 e 2021.
“A música e a cultura cabo-verdiana são dos maiores embaixadores do país”.
Carlos Veiga, ministro da Cultura de Cabo Verde
O Estado “deve continuar social, enquanto houver pobreza. Enquanto houver gente com muita dificuldade, cabe ao Estado resolver ou participar na solução”.
Pedro Pires, combatente pela independência e Presidente da República de Cabo Verde entre 2001 e 2011
“Há uma real vontade de abraçar as raízes, há uma real vontade de conectar o mundo novo com a ancestralidade. Eu vejo com prosperidade, apesar do mundo estar a gritar cada vez mais e a sangrar cada vez mais, eu sinto que vejo com muita prosperidade o continente africano”.
Dino D´Santiago, artista português de ascendência cabo-verdiana
“Nós ganhámos a independência política, mas falta sermos independentes realmente”.
José Luís Cabaço, guerrilheiro da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) na luta de libertação de Moçambique e ex-ministro
“Persistem muitos obstáculos que ameaçam o nosso desenvolvimento. Um dos obstáculos é a corrupção, um fenómeno que enfraquece as instituições públicas e privadas, por isso, vamos intensificar o reforço dos mecanismos de combate a corrupção nas instituições públicas, nas empresas públicas, incluindo no setor privado”.
Daniel Chapo, Presidente da República de Moçambique
"Se nós ainda temos eleições nas quais lutamos, nos matamos inclusive, quer dizer que a liberdade de escolha ainda não está concluída”.
Albino Forquilha, presidente do Podemos, o principal partido da oposição no parlamento moçambicano
“Como corolário de um percurso de meio século, Moçambique é um Estado falhado, por isso é um imperativo nacional conquistar a independência económica nos próximos 50 anos”.
Ossufo Momade, líder da Resistência Nacional Moçambicana - RENAMO
“O país continua refém de uma nova forma de colonização, o neocolonialismo. A liberdade conquistada com sangue e sacrifício foi rapidamente usurpada por uma elite que perpetua um regime de terror financeiro, político e social contra os próprios irmãos da mesma raça”.
Venâncio Mondlane, oposição moçambicana e ex-candidato a Presidente
“Moçambique está, desde a independência até agora, 50 anos, com o mesmo Governo. E, portanto, já era tempo de irem corrigindo e criarem a riqueza que há do gás, do petróleo, da agricultura, enfim, de pedras preciosas; produzir para não estender a mão”.
Lívio de Morais, artista plástico moçambicano
“Houve várias tentativas de nos dividir, mas nós permanecemos um país inteiro, do Rovuma ao Maputo. Para mim esta é a conquista maior”.
Graça Machel, primeira ministra da Educação de Moçambique
“O que ficou por fazer em 50 anos? Ficou tudo. Porque, afinal, nós queremos evoluir sempre, sempre para melhor, não vamos chegar a um momento em que dizemos que já não queremos evoluir. Queremos uma vida sempre melhor do que a que nós temos, por isso aí não se estabelecem limites. Essa é a nossa inspiração”.
Samora Machel, Presidente da República de Moçambique entre 1986 e 2005
“Nestes 50 anos não houve em geral uma resolução dos problemas das mulheres” em Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Moçambique”.
Catarina Caldeira Martins, investigadora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), especialista em feminismos pós-coloniais e decoloniais
"Meio século depois, somos obrigados a interrogar o que fizemos desse compromisso, o que foi feito da esperança revolucionária que animava os rostos dos combatentes, das mulheres, dos jovens, dos trabalhadores".
Odete Semedo, poeta e investigadora guineense
“Os direitos da mulher, não obstante os meandros da mentalidade, a massificação da educação e a construção de uma cidadania” foram os grandes avanços da independência.
Inocência Mata, especialista em estudos pós-coloniais, de origem são-tomense
“Nestes 50 anos das independências, é possível que finalmente cheguemos ao momento em que haja independências de facto em relação aos poderes coloniais. Estamos a ver isso com a França, muito claramente. E acho que Portugal vai seguir esse caminho”.
Manuel João Ramos, professor no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa
“Mesmo com todos os fracassos que houve, mesmo com um sonho que não foi realizado no sentido coletivo, não há comparação com aquilo que foi antes. Antes não tínhamos país. Agora temos país”.
Mia Couto, escritor moçambicano
“Não há descolonização mal feita, porque isso seria dizer que a colonização estava bem feita e não existe colonização bem feita; logo, qualquer processo de libertação é um processo ótimo”.
Mário Lúcio, cantor e compositor cabo-verdiano, ministro da Cultura em Cabo Verde de 2011 a 2016
O maior ganho da independência para estes países foi “a independência, antes de mais nada”, e depois “o respeito pelos direitos fundamentais, apesar das limitações e restrições que tem havido”.
Jorge Miranda, constitucionalista português
A Semana com Lusa
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