«Cabo Verde tem um ativo que não pode desperdiçar: a sua História», defendeu hoje, o Presidente da Republica, José Maria Neves, durante a cerimónia que assinalou, na Palácio da Presidência, a celebração dos 50 Anos do Acordo de Lisboa de 1974 que negociou e fixou a data da independência de Cabo Verde.
Para o PR, o Acordo de Lisboa, visto em toda a sua complexidade, tem um papel decisivo na fixação da nossa memória coletiva.« Os cidadãos devem fazer uma reflexão serena, mas urgente, sobre os caminhos que nos levaram à Independência e à Democracia, relevando o essencial diante do circunstancial, do acessório e do efémero. O Acordo não deve servir hoje de arma de arremesso político, por que feito para unir os cabo-verdianos em torno de um desígnio comum, partindo daquilo que nos converge», acrescentou.
O acto contou com a presença do chefe de estado português Marcelo Rebelo de Sousa, que JMN considerou ser um grande amigo de Cabo Verde. «Esta presença, Senhor Presidente, simboliza a grandeza e a excelência das relações que construímos, desde séculos, entre os nossos dois países e povos», enfatizou.
Referindo-se à data de 19 de dezembro de 1974 em que se assinou o referido acordo para a independência de Cabo Verde, José Maria Neves advertiu que o país tem um ativo a não despediçar, que é a sua história. «Cabo Verde tem um ativo que não pode desperdiçar: a sua História. As novas gerações devem conhecer e apropriar-se deste ativo. A memória é o grande ativo para que haja futuro, sem prejuízo da diversidade de opiniões e do confronto de ideias que é próprio da democracia», fundamentou, defendendo que devemos valorizar a nossa história de forma aberta, crítica e autónoma, livre da pressão de interesses partidários ou do clientelismo político.
Para o PR, o Acordo de Lisboa, visto em toda a sua complexidade, tem um papel decisivo na fixação da nossa memória coletiva.« Os cidadãos devem fazer uma reflexão serena, mas urgente, sobre os caminhos que nos levaram à Independência e à Democracia, relevando o essencial diante do circunstancial, do acessório e do efémero. O Acordo não deve servir hoje de arma de arremesso político, por que feito para unir os cabo-verdianos em torno de um desígnio comum, partindo daquilo que nos converge», acrescentou.
Papel do Comandante Pedro Pires no processo
Ainda no seu discruso, o PR destacou o papel de relevo que o Comandante Pedro Pires desempenhou no processo que conduziu à independência nacional. «Ao Comandante Pedro Pires, o nosso especial reconhecimento pela sua presença que muito nos honra, e pelo memorável testemunho que acaba de partilhar connosco. A História de Cabo Verde tem enorme apreço pela sua trajetória como Combatente da Liberdade da Pátria, assim como a da sua geração que nas universidades, nas prisões, na clandestinidade, nas matas da Guiné, nas ruas de Cabo Verde, lutou denodadamente pela liberdade e tornou possível a independência e, mais tarde, a democracia e lançou as bases do desenvolvimento».
Na óptica de JMN, o dia 19 de dezembro marca «um momento alto do rico percurso do Comandante Pedro Pires, personagem da nossa História», e com a qual se enlaça há mais de seis décadas. «Assina o Acordo de Lisboa e chefia o primeiro Governo de Cabo Verde, erigindo os caboucos do novo Estado, quando muitos duvidavam do sucesso dessa empreitada, tendo em conta o ponto de partida e os desafios a enfrentar. Conduz a transição para a Democracia, que decorre sem sobressaltos. É o primeiro líder da oposição democrática. Eleito Presidente da República, por dois mandatos, é vencedor do Prémio Mo Ibrahim. Depois de todo esse pioneirismo, hoje, através do Instituto Pedro Pires, continua a trabalhar para a formação de novas gerações de líderes em Cabo Verde», concretizou.
O chefe do estado considerou que os ideais do Acordo de Lisboa continuam vivos. «O caminho desenhado nos termos desse Acordo e que levam ao 5 de Julho de 1975, são hoje traço da nossa unidade nacional. E nesta hora voltada para o futuro, a sua dedicação (Pedro Pires), o seu engajamento com as causas de Cabo Verde, a sua incomum experiência de vida deve servir de referência para o futuro. Nestes tempos desafiantes, devemos inspirar-nos nesses jovens de há 50 anos. Principalmente, os jovens de hoje», aconselhou.
Homenagem aos negociadores da independência nacional
O Presidente da Republica lembrou o dia 19 de dezembro de 1974, ocorrido há exatamente 50 anos, com especial emoção e elevado sentido da História, na medida que corolário da Luta de Libertação Nacional desencadeada pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde e liderada por Amílcar Cabral.
«Neste dia, dirigimos um aceno especial e um incisivo reconhecimento aos cabo-verdianos que firmaram o histórico Acordo de Lisboa: o Comandante Pedro Pires, os diplomatas Amaro da Luz e José Luís Fernandes, ambos responsáveis do PAIGC, durante o período da clandestinidade. Do mesmo passo, o nosso apreço pelos integrantes da Delegação portuguesa,nomeadamente, os Ministros Melo Antunes, Mário Soares e Almeida Santos».
Referiu que o 25 de Abril abriu o caminho ao recrudescimento da luta revolucionária em Cabo Verde. «São marcos desta gesta, a libertação dos presos políticos do Campo de Concentração do Tarrafal, confrontos, na Cidade da Praia, entre manifestantes e as Forças Armadas, com feridos graves, a tomada da Rádio Barlavento; a detenção, em meados de dezembro, de setenta cabo-verdianos, considerados perturbadores do processo de descolonização; a carta-ultimato da comissão local do Movimento das Forças Armadas ao Governo Português no sentido de este acelerar a transferência da soberania para o PAIGC; os incidentes, no Mindelo, entre os populares e as autoridades militares e policiais portuguesas, assim como a greve geral, com forte adesão, da Função Pública».
Segundo a mesma fonte, pela sua experiência e ações no terreno, o PAIGC foi-se impondo como força política dominante, aliás reconhecido, ainda antes do 25 de abril, por resolução das Nações Unidas, como único e legítimo representante do povo de Cabo Verde.
Relçou que este Acordo reafirma, no artigo primeiro, “o direito do Povo de Cabo Verde à autodeterminação e independência” e prevê a nomeação de um Governo de Transição, composto por elementos apontados pelo PAIGC e por Portugal, e presidido pelo Alto-Comissário Almirante Vicente Almeida d’Eça, até à efetivação da independência, seis meses depois.
«Aos integrantes do Governo de Transição, cabo-verdianos e portugueses, as nossas homenagens, pois, prepararam as bases do Estado soberano de Cabo Verde», salientou o PR, para quem temos hoje o dever cívico, enquanto Estado de Direito Democrático, de olhar com verdade e com sentido de futuro para o nosso passado histórico.
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