O presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu hoje que a inflação galopante na Rússia é um "sinal preocupante", mas procurou tranquilizar os russos sobre as perspetivas da economia do país em guerra há quase três anos.
Putin afirmou que espera que o PIB aumente "3,9%, talvez 4%" no final do ano, mas o BCR prevê um forte abrandamento no próximo ano, com um crescimento entre 0,5% e 1,5% previsto para 2025.O diretor-executivo do principal banco russo, o Sberbank, German Gref, alertou recentemente para os "sinais significativos de abrandamento" da economia e "o perigo de estagflação", quando ocorre em simultâneo uma inflação elevada e um crescimento muito fraco.
"Ainflação é um sinal preocupante", admitiu Putin nos primeiros minutos da sua grande conferência de imprensa anual, citado pela agência francesa AFP.
A taxa de inflação acelerou para 8,9% em novembro, enquanto as autoridades têm como objetivo oficial uma subida de 4% dos preços.
A inflação deverá aproximar-se dos 9% até ao final do ano, depois de quase 7,5% em 2023, ano em que a Rússia invadiu a Ucrânia, e 12% em 2022.
"O que é desagradável e mau é a subida dos preços. Mas espero que, se os indicadores macroeconómicos se mantiverem, consigamos fazer face à situação", disse Putin.
A inflação na Rússia é alimentada, em particular, pela explosão das despesas militares com a guerra contra a Ucrânia, pelos efeitos das sanções ocidentais e pelo aumento dos salários.
A subida dos salários é uma consequência direta da escassez de mão-de-obra no mercado de trabalho, uma vez que as empresas são obrigadas a oferecer vencimentos atrativos para recrutar.
A rara confissão de Putin ocorre na véspera de uma reunião muito aguardada do Banco Central da Rússia (BCR), que poderá aumentar a sua taxa diretora, que já está em 21%, um máximo de 20 anos.
Os analistas esperam que a taxa diretora suba um ou dois pontos percentuais, segundo a AFP.
Esta possibilidade já provocou a indignação dos principais empresários russos, que a denunciaram como "uma loucura" que restringe os investimentos e trava a economia nacional.
Na conferência anual transformada num programa de televisão visto por milhões de pessoas, Putin tentou tranquilizar os russos, referindo que os salários subiram e que a situação é, de um modo geral, estável.
"A situação da economia russa no seu conjunto é estável, apesar das ameaças externas e das tentativas de a influenciar", afirmou, aludindo às sanções ocidentais por causa da guerra contra a Ucrânia.
Depois de ter resistido às sanções nos últimos três anos, a economia russa dá sinais de esgotamento há várias semanas, com uma inflação a corroer o poder de compra, taxas de juro em alta que prejudicam as empresas, queda do rublo e perspetivas sombrias para 2025.
A moeda russa está no seu ponto mais fraco em relação ao dólar e ao euro desde março de 2022, com o dólar a ser atualmente negociado a mais de 100 rublos.
Putin afirmou que espera que o PIB aumente "3,9%, talvez 4%" no final do ano, mas o BCR prevê um forte abrandamento no próximo ano, com um crescimento entre 0,5% e 1,5% previsto para 2025.
O diretor-executivo do principal banco russo, o Sberbank, German Gref, alertou recentemente para os "sinais significativos de abrandamento" da economia e "o perigo de estagflação", quando ocorre em simultâneo uma inflação elevada e um crescimento muito fraco.
"A situação é difícil. Toda uma série de mutuários vai encontrar-se numa situação difícil, os bancos vão estar numa situação difícil", afirmou num fórum sobre investimento em 06 de dezembro.
"Tudo depende do tempo que durar a diferença entre a inflação real e as taxas de juro do mercado. Nunca houve uma diferença tão grande, não podemos sobreviver assim durante muito tempo", advertiu Gref, que foi ministro do Desenvolvimento Económico entre 2000 e 2007.
A Semana com Lusa
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