A Comissão Permanente do PAICV considerou esta sexta-feira que os resultados das eleições autárquicas no passado dia 01, configuram uma “grande censura” ao Governo, e que a ideia de mudar o rumo do país deve ser continuada, com serenidade.
“Na reunião do Conselho Nacional ( Congresso ordinário para eleições internas deve acontecer até o final de Abril de 2025) farei uma comunicação ao país, a respeito da minha disponibilidade ou não. Sempre estive disponível para o partido, a minha disponibilidade não depende das vitórias ou das derrotas”, anunciou Rui Semedo segundo a Inforpress.
“A ideia de vencer as autárquicas e mudar o rumo do país deve ser continuada, com serenidade e diálogo, sem precipitações, para se continuar a mobilizar todas as vontades e não defraudar a confiança que os cabo-verdianos demonstraram ter neste partido que se inspira nos ideais do pai fundador que é Amílcar Cabral”, enfatizou, conforme a Inforpress, o líder do partido durante uma conferência de imprensa para falar sobre as eleições autárquicas 2024.
Para Rui Semedo, o resultado destas eleições foi uma “desaprovação” dos eleitores face ao rumo a que o país tem sido conduzido, “condenando as práticas de ausência de diálogo, intolerância e de intransparência” na gestão da coisa pública.
“A Comissão permanente saudou o nível de maturidade dos eleitores cabo-verdianos que participaram de forma cívica, ordeira e disciplinada, dando exemplo aos actores políticos de que as escolhas e as preferências não devem ser um factor de divisão das pessoas que devem, de forma livre, exercer o seu direito de voto”, analisou.
Saudou, igualmente, as candidaturas de todos os quadrantes políticos, que com a sua participação, conforme sublinhou, contribuíram para o enriquecimento do mosaico da participação política e para o crescimento e robustecimento da democracia, que “saiu reforçada” destas eleições do passado domingo, e cujos resultados conduziu o PAICV a uma “vitória extraordinária”, que o catapultou para a condição de maior partido autárquico de Cabo Verde.
“Estes resultados configuram uma grande vitória do PAICV que conquistou 15 das 22 câmaras municipais, para além da melhoria da sua representatividade em, praticamente, todas as Assembleia Municipais e da sua participação nos órgãos executivos partilhados com outras forças políticas”, enfatizou o líder do maior partido da oposição.
Rui Semedo destacou ainda o facto de o PAICV ter ganhado, inclusive, em municípios considerados bastiões do seu maior adversário político, mudando de “forma expressiva”, conforme sublinhou, o panorama político.
“Demonstrando, claramente, que o poder é do povo e que não há detentores eternos do poder. A Comissão Permanente exorta todos a fazerem desta grande vitória do PAICV uma rampa de renovação dos compromissos com os cabo-verdianos para a construção de uma sociedade mais justa, mais livre, mais inclusiva, com mais solidariedade e com oportunidade para todos”, manifestou.
Conforme ainda a Inforpress, o líder do partido da estrela negra concluiu, saudando os recém-eleitos, exortando-os, ao mesmo tempo, a protagonizarem uma governação com humanismo, “forte sentido patriótico”, rigor e transparência na utilização dos recursos públicos, com inovação e com um “profundo espírito de servir” aqueles que os elegeram.
Rui Semedo reservado quanto a uma possível recandidatura à liderança do partido
Entretanto, o líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde, Rui Semedo, mostrou-se esta sexta-feira reservado quanto à possibilidade de se recandidatar a um segundo mandato como presidente do PAICV, partido que lidera desde 2021.
Segundo Rui Semedo citado pela Inforpress, a certeza que tem é que o Congresso do PAICV para eleição dos novos órgãos deverá acontecer até Abril do próximo ano, mês que tinha sido realizado o último Congresso, que termina o mandato global das estruturas e dos órgãos eleitos na ocasião.
“Até o final de Abril, teremos que fazer, obrigatoriamente, este Congresso. A Comissão Política vai ter que pedir a convocação do Conselho Nacional, que, por sua vez, terá que convocar o Congresso e as eleições directas internas.Portanto, vamos ter que seguir esses passos com os órgãos”, explicou.
Referiu que qualquer data que avançasse agora seria contrariar os princípios e uma violação às competências dos órgãos que deverão tomar tais decisões.
O Congresso, prossegue a fonte deste jornal, é o órgão de apreciação e definição das linhas gerais da política nacional do partido. Compete-lhe, entre outros, apreciar e definir as linhas de orientação política, aprovar e modificar os Estatutos e a Declaração de Princípios do Partido.
Face aos resultados das autárquicas, um trampolim para as legislativas de 2026, questionado se o PAICV tem ou está a preparar um candidato forte para fazer frente a Ulisses Correia e Silva ou outro, Rui Semedo garantiu que o partido vai ter sempre um candidato à altura dos desafios do país, tendo várias soluções e alternativas.
“Vai construir uma solução tanto ou quanto possível consensual. A garantia que posso dar é que, qualquer que seja o dirigente do partido que vier a ser eleito, estará à altura dos desafios do país. O PAICV não tem falta de lideranças e candidatos que possam cumprir essa missão…provámo-lo agora”, enfatizou, estribado nos resultados das eleições autárquicas.
Entretanto, instado a pronunciar se será ou não candidato, entendeu esquivar-se para não abrir o jogo.“Esta pergunta é interessante… Está a ser feita desde o primeiro dia que fui eleito para presidente do partido. O que posso dizer é que me enquadro numa solução que tenha um amplo apoio do partido, das pessoas, militantes, mas uma solução também construída e que garanta as respostas para os desafios que temos pela frente”, apontou.
Segundo o líder do partido da “estrela negra”, seria precipitado da sua parte aflorar qualquer coisa neste momento, tendo-se comprometido consigo mesmo de não “falar nada” a propósito, antes da reunião do Conselho Nacional que irá marcar o Congresso.
“Na reunião do Conselho Nacional farei uma comunicação ao país, a respeito da minha disponibilidade ou não. Sempre estive disponível para o partido, a minha disponibilidade não depende das vitórias ou das derrotas”, finalizou segundo a Inforpress.
Nas eleições autárquicas de 01 de Dezembro, o PAICV conquistou 15 câmaras municipais, contra sete do Movimento para a Democracia (MpD).
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