Tchinda Andrade, a primeira mulher “abertamente declarada transgénero em Cabo Verde”, morreu na sexta-feira, anunciou hoje a Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) do arquipélago que a classificou como “uma pioneira pela igualdade”.
“Foi mais do que uma voz para a comunidade LGBTQI, foi um símbolo de coragem, resiliência e defesa de todos os grupos marginalizados”, referiu a comissão, numa nota de pesar, onde assinalou os “incansáveis esforços” para dar “visibilidade a vozes muitas vezes silenciadas”.
Tchinda morreu vítima de doença, no Hospital Baptista de Sousa, no Mindelo, depois de uma vida que ganhou notoriedade internacional, em 2013, ao protagonizar o documentário "Tchindas", sobre mulheres transgénero cabo-verdianas.
O trabalho do jornalista Marc Serena com o realizador Pablo García Pérez de Lara retratou os preparativos da ilha de São Vicente para os desfiles de Carnaval, seguindo o dia-a-dia de Tchinda Andrade, Edinha Pitanga e Elvis Tolentino e mostrando um ambiente de “respeito” que na altura Marc classificou como “extraordinário”, apesar de prevalecerem desafios de integração.
“A sua partida desafia-nos a enfrentar os silêncios que ainda persistem na nossa sociedade”, referiu a CNDH, apelando à reflexão “sobre o trabalho que ainda precisa de ser feito para garantir que cada pessoa, independentemente da sua identidade, possa viver com dignidade e segurança”.
Também o Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG) lamentou a morte de uma “figura icónica da comunidade LGBTIQ+”.
“Estamos de luto por esta perda”, acrescentou, numa mensagem divulgada na Internet.
A Semana com Lusa
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