A família de Odair Moniz, cabo-verdiano que morreu no bairro da Cova da Moura, Amadora, depois de ter sido baleado pela polícia, quer angariar 12,5 mil euros numa campanha ‘online’ para fazer face a despesas.
Na plataforma GoFundMe (https://www.gofundme.com/f/justica-por-odair-moniz), a campanha, até as 09:00 desta segunda-feira, já tinha arrecadado 4.823 euros, ou seja, 39 por cento (%) do pretendido.
A família lembrou que Odair Moniz, mais conhecido por Dá, foi filho, pai, marido, tio, cunhado, amigo que quando foi morto, prematuramente, os sonhos que deixou, é também uma parte dos sonhos da família.
“Contudo, entre a dor e a memória, estamos certas de que lutar para que seja feita justiça pelo Dá é o único caminho possível para encontrar alguma paz. Sabemos também que essa caminhada – que já começou – é longa, exigente e violenta. Para que a possamos realizar é necessário, entre outras coisas, reorganizar e dignificar a nossa vida familiar e emocional bem como fazer face a um conjunto de despesas que não podemos ainda prever exatamente”, justificou a família.
Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) na madrugada de 21 de Outubro e morreu pouco depois, no hospital.
Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar responsabilidades, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.
A Inspecção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos, e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Nessa semana registaram-se tumultos no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados e vandalizados autocarros, automóveis e caixotes do lixo, somando-se cerca de duas dezenas de detidos e outros tantos suspeitos identificados. Sete pessoas ficaram feridas, uma das quais com gravidade.
O procurador-geral da República pediu celeridade na investigação à morte do cidadão e rapidez nas perícias da Polícia Judiciária e do Instituto Nacional de Medicina Legal.
No dia 01 de Novembro, o Presidente da República esteve no bairro do Zambujal, onde visitou a esquadra da PSP e conversou com familiares de Odair Moniz.
Este domingo, 03, a ministra da Administração Interna portuguesa, Margarida Blasco, disse que vai ser conhecido, em breve, o resultado do processo disciplinar aberto ao agente da PSP que matou Odair Moniz, avisando que quem foi responsável pelo vandalismo nos bairros da grande Lisboa praticou crimes e garante que a população continua com a polícia.
A Semana com Inforpress
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