O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou hoje que a formação de um mundo multipolar “está em curso”, na intervenção na sessão de abertura da cimeira do bloco das principais economias emergentes (BRICS), na cidade russa de Kazan.
"O processo de criação de um mundo multipolar está em curso, um processo dinâmico e irreversível", declarou Putin, o anfitrião deste encontro em que Moscovo pretende conseguir avanços na ambição de competir com a "hegemonia ocidental".
O Presidente russo acrescentou que os cerca de 20 dirigentes reunidos na capital da república russa do Tartaristão, até quinta-feira, vão debater "as questões mais urgentes" à escala mundial, incluindo "a resolução dos conflitos regionais".
Esta terça-feira ficou marcada pelo encontro de Vladimir Putin com o Presidente chinês. Na ocasião, o governante russo disse que é seu objetivo "reforçar" ainda mais os laços com Pequim."A Rússia e a China tencionam reforçar a sua cooperação para garantir a estabilidade".
Por seu lado, Xi Jinping elogiou a solidez dos laços que unem Moscovo e Pequim num contexto internacional "caótico".
"A situação internacional é caótica (...). Mas estou firmemente convencido de que a profunda amizade que uniu a China e a Rússia de geração em geração não mudará (…) "Seguimos o caminho certo para construir relações entre grandes potências com base nos princípios do não-alinhamento, da não-confrontação e da não-destruição de países terceiros".
Já o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, aproveitou o encontro com o Presidente russo para voltar a reforçar que a Índia apoia uma solução pacífica para o conflito na Ucrânia. "Como disse no passado, acreditamos que o problema deve ser resolvido através de meios pacíficos. Apoiamos totalmente a rápida restauração da paz e da estabilidade. Daremos sempre prioridade à vida humana, razão pela qual, estamos dispostos a prestar qualquer ajuda no futuro".
A reunião dos BRICS em Kazan fica marcada pela ausência do chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva, que foi forçado a cancelar a sua viagem por motivos médicos. Já o Presidente do Irão, Massoud Pezeshkian, é esperado na Rússia esta quarta-feira. Em declarações à imprensa em Teerão, antes da sua viagem, defendeu que alianças como a dos BRICS "podem ser uma saída para o totalitarismo dos Estados Unidos”.
À entrada de uma reunião bilateral com o seu homólogo russo, o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, disse que Moscovo é um "amigo precioso" do seu país. "Continuamos a considerar a Rússia como um aliado querido, um amigo precioso, que nos apoiou desde o início. Estamos muito satisfeitos por estar aqui e por sabermos que vamos discutir questões geopolíticas com os outros membros da família BRICS".
Inicialmente formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o grupo BRICS expandiu-se este ano para nove membros com a integração do Irão, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. Ontem, Moscovo fez saber que está afastada, para já, a possibilidade de um novo alargamento por falta de acordo entre os países-membros do grupo. Países como a Turquia, o Azerbaijão ou Cuba são alguns dos países que já mostraram oficialmente interesse em aderir à aliança.
O grupo BRICS, fundado informalmente em 2006 e que realizou a sua primeira cimeira em 2009, inclui países que representam cerca de um terço da economia mundial e mais de 40% da população global.
Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Etiópia, Irão, Egito e Emirados Árabes Unidos integram atualmente o bloco.
Analistas internacionais sublinharam que nesta cimeira, o Presidente russo, Vladimir Putin, quer mostrar ao mundo que a Rússia não está tão isolada como o Ocidente tem afirmado, ao mesmo tempo que pretende abrir caminho para a formação de uma nova frente global que pretende desafiar a hegemonia dos Estados Unidos.
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