sábado, 23 novembro 2024

Oligarcas no Estado Administrativo da Nação

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Das boas intenções vai o inferno cheio, já diz o adágio popular. O povo, senhor do poder emanado, do poder arrebatado, da democracia prometida à oligarquia comprometida no presente tempo, e das ameaças do cataclismo climatérico, povoa um Cabo verde que padece e onde a nação emagrece.
A democracia e seus componentes variáveis de forma ascendente, está estagnada no processo de representatividade condicionada para favorecer apenas uma classe elitista alegadamente corrupta, aqueles tendenciosos e astutos que se acham no dever de autopromoverem-se em pequena burguesia reacionária. Também, muito rapidamente, elevam-se alavancados nos bens públicos, pertença de todos, onde o nosso merecimento serve para deleite dos oligarcas. Uma afronta de combate eminente.
 
Por Péricles Tavares
A democracia representativa é um instrumento argumentativo de valor e peso, se for acrescentado de mais dois elementos de força: a democracia participativa e a distributiva, em que todos serão tidos e achados e enquadrados no processo democrático de desenvolvimento com projeção sustentável. Cabo Verde manqueja, e por isso torna-se imperioso mudar a rota das águas, contornar as pedras e seguir em segurança até repousar na passividade do oceano.
 
A Oligarquia, o sistema político e governativo estruturado debaixo de camuflagem democrática, é um péssimo e hediondo sistema na presente conjuntura social em que os cidadãos, cada vez mais conscientes e cientes dos seus direitos e das suas obrigações para com o estado república e pelos valores morais e patrimoniais que lhe assentam, saberão dar resposta cabal ao parasitismo tirano assistencialista, e onde tudo devem fazer para salvar Cabo Verde.
O poder político não pode estar na administração em benefício de poucos, do jus sanguíneos e comparsas. Isto é um erro de morte. O povo sempre foi, e será para todo o sempre, senhor legítimo de todo o poder no estado república constitucional. Doar o poder sim, mas com a condição de recuperar o legado a qualquer momento do contraditório, sobretudo no concernente a pilhagem, entenda-se como fator inadmissível manter a corja política no poder sob pretexto de mandato democrático.
 
Os oligarcas nacionais cabo-verdianos são senhores comerciantes, intitulados de distintos empresários notáveis e intocáveis, que detêm o poder político para o enriquecimento próprio, cruel e ilícito, sendo muitas vezes culpabilizados mas nunca sentenciados, uns falaciosos democratas despreocupados e luzidios que de tempos a tempos se fazem aparecer na praça pública.
 
O governo oligarca na governação do estado de Cabo Verde admite a alternação de poder, num verdadeiro e autêntico compadrio de troca dama, agora toca eu aquela cantiga que promete casa de banho, agora danças tu, e o povo distraído e contente às palminhas num sinal de satisfação e agradecimento. Este é um sistema de governança que não constitui exemplo de merecida continuidade em Cabo Verde, muito menos dos  supostos seguidistas porcos, plutocratas e totalitários.
 
Para a construção e edificação do estado de um direito democrático forte de todo credível se aconselha o regresso ao passado histórico e atender a algo de nobre, de melhor do sistema aristocrático, colocando os mais capacitados à frente da administração da república e nada mais a acrescentar.
 
A Democracia é um advento propalado dos anos noventa do anterior, e presente, século, onde as boas intenções foram levadas ao cúmulo do ridículo num baralhar de cartas sem trunfo ou liderança carismática. A nação carece de doutrina aprofundada em convicções alentadoras, animadoras e somatórias generalizadas para a construção de uma pátria republicana forte e capaz de certificar crédito para o avanço, na conquista da democracia almejada, um pilar fundamentado da sociedade pluralista organizativa.
 
O Estado democrático organizado à luz do direito constitucional permite a admissão dos resultados extraídos das urnas que ditam a vontade popular, ou melhor, da afirmação e comunicação clara da maioria do cidadão eleitor. Porém, de nada aceitável é o desvirtuar do carácter comportamental do eleito ao eleitor, com a compra da sua dignidade e se aproveitar do desfortúnio de quem há muito padece. Podemos afirmar que vivemos de forma enganosa e matreira pelos sucessivos partidos e governos golpistas do estado, de eleição a eleição.
 
Um golpe de estado, ou de substituição palaciana, sem derrame sanguíneo acontece nestas Ilhas Atlânticas, onde, pela forma menos digna de tratamento, se honra o povo que hospeda o território ao despejar sobre os infelizes ainda mais miséria, um critério pacífico para desvirtuar a nação sem risco de padecimento letal.
 
O fim do sistema oligárquico, do suposto totalitarismo a coberto de democracia fascista e fastidiosa, não tem fim há vista e salta e pula de forma uliciana, com capangas testas de ferro prestes a cumprir um quarto de século de tirania. Uma república sem intervenção de oligarcas no poder, onde os meritocratas serão chamados e empossados a assumir os destinos do estado moderno no exercício da cidadania e democracia é o que precisamos e merecemos.
 
Numa república democrática em nada suportável, encontra-se um povo, uma nação separada pela constituição, onde de um lado a diáspora diz não, mas do outro os residentes, submissos, dizem o seu “sim senhor”, numa plêiade política de incompetentes cabresteados mendigos, laxistas, incumpridores e caloteiros,
acocorados na presença da potência ocidental e pela Europa dos vinte e sete (27). A república padece, e quem virá depois compadece, mas que venha logo!  
 
Na nossa nação, a juventude, com maior enfoque naqueles que irão pela primeira vez exercer o ato de cidadania, ou seja, votar na igualdade enquanto cidadão participante com direito a reclamação, pedimos que o façam em consciência, de livre arbítrio, com a dignidade e o carater que cada cidadão eleitor deve ter e estar acima do corrupto a eleger.
 
O dinheiro pertence a quem trabalha, assim como o poder está ao alcance de quem vota, ao usar o voto para comprometer e trazer sempre sobre cabresto, o eleito impostor. Votar de forma ordeira e efusiva na integridade e lealdade das pessoas inscritas em cada força política, de forma concorrente, cooperante e competitiva. No exercício da política o que conta são as ideias, as escolhas de melhores argumentos para solução do problema comum, o desenvolvimento de Cabo Verde. De fora deve ficar a intenção de adversários gladiadores, as guerras, as calúnias, e até as matanças entre rivais. O estado, em situação de extrema gravidade, goza do poder do uso da força para garantir a segurança interna e rechaçar a investida do inimigo invasor.  
 
Os partidos políticos, grupos organizados em permanente cooperação, os deputados da nação, são eleitos para representar o povo de forma homogénea e global, e devem estar ao nível das responsabilidades, ora confiadas, e das situações, assim como cooperar para o bem e melhor funcionamento do aparelho do estado. Se, porventura, o eleito não for desta nobre e sublime intenção de servir os interesses nacionais, vai o estado cambalear, desfalecer e desmoronar, levando assim ao fim do estado, ao fim da soberania.
 
No dia primeiro de dezembro do final do ano de dois mil e vinte e quatro (2024), e depois das sucessivas desventuras com muita corrupção pelo meio, com os notáveis do costume, onde de serviço transgrediram as leis, um país em festa vai a voto para escolher os representantes para a governação local, uma responsabilidade dos residentes das respetivas concelhias que, por bem do interesse e da unificação fraternal dos extremos e onde se, os filhos da terra, presentes e ausentes, pudessem votar nas eleições autárquicas em pé de igualdade, levaria a que todos opinassem em defesa dos seus investimentos, tornando-se um marco histórico para a democracia representativa, que é, no seu essencial, participativa.
 
Em tempo de eleições, é tempo de examinar a macacada, de examinar os políticos, uns distintos outros tantos chumbados, com gritos e gemidos para os maus servidores públicos. Assim será o destino, o fim do corrupto oligarca na pátria de Péricles, do povo periclitante que vai votar para curar a república dos maus costumes.
 
Ninguém fica ausente, todos em formatura, enfileirados, como soldados da democracia que marcham em direção às assembleias de voto, votando sem colocar o seu voto.
 
Querido concidadão eleitor, votar à esquerda ou à direita, conforme, importa desde que o propósito seja mudar para a correção do percurso penalizador, mudar de profeta mentiroso para profeta de resultados, uma sabedoria do sempre atento cidadão, com uma oportunidade de vingança, de contas saldadas, uma oportunidade que apenas temos de quatro em quatro anos, dando assim a sentença do povo.
 
A democracia consolidada exige dos cidadãos republicanos uma aproximação de governantes e governados, promovendo assembleias de diálogo e concertação para o alcance de consensos, para alavancar a república. Ninguém pode ficar para trás, à beira do caminho, com todos unânimes a contribuir para o engrandecimento do nosso torrão, Cabo Verde, por herança e merecimento honramos priorizar, proteger, defender, consagrar e delegar com orgulho às gerações vindouras.
 
Tudo contra a usurpação às riquezas ilícitas, contra os supostos ladrões do tesouro público, contra os alegadis tiranos e oligarcas invasores do poder, que a justiça seja feita.
 
Viva a República!
 
 
Cidadela,14 de Novembro de 2024,
 

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