A fundação brasileira-americana Alana Foundation, que organiza este sábado um evento sobre educação baseada na natureza em Los Angeles, está a trabalhar com dois investigadores em Portugal para uma pesquisa sobre educação inclusiva, disse à Lusa a líder de parcerias.
“A Alana trabalha muito dentro da perspetiva da educação inclusiva e Portugal é um exemplo maravilhoso nesse sentido em termos de política pública”, afirmou Laís Fleury, que será uma das oradoras no primeiro encontro de educação baseada na natureza a decorrer na UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles).
A fundação contratou o investigador português David Rodrigues e a investigadora luso-brasileira Luzia Lima-Rodrigues para conduzir a pesquisa, cujo objetivo é “entender quais são os países e onde existem políticas públicas que formam o corpo docente dentro da perspetiva da educação inclusiva”, referiu Fleury.
O estudo será publicado em 2025 com uma compilação de boas práticas e integrado na estratégia de ação internacional da Alana Foundation.
“Portugal é uma referência quando se fala de educação inclusiva e que nos ajuda a fazer o mapeamento de toda essa rede”, frisou.
Uma componente da educação inclusiva é a educação ambiental, e é nisso que se foca o encontro organizado pela Alana Foundation em parceria com a Lab School da UCLA, no sábado.
“Hoje em dia já é oficial que há uma tríplice crise, a questão da poluição, a perda de biodiversidade e as crises climáticas”, afirmou.
“O mundo inteiro está a olhar para isso e a questão da educação climática tem de ser uma meta para todos os Estados”, salientou.
A presidente da Alana Foundation, Ana Lucia Villela, que é membro do conselho de administração do Itaú Unibanco, estará presente no evento e falará juntamente com a reitora Christina Christie.
Haverá também uma representação do distrito escolar de Los Angeles, cujo superintendente é o português Alberto Carvalho.
A Alana Foundation criou uma parceria com a Lab School para implementar a Children’s Land, uma abordagem de currículo baseada na natureza que forma os professores para levarem mais verde para a escola e “nutrir o vínculo da criança com a natureza”.
Com as ondas de calor cada vez mais frequentes, uma das ideias é plantar árvores nos recintos escolares para criar uma cobertura vegetal que reduza a temperatura. A iniciativa será apresentada por Mikaela Randolph, da Green Schoolyards America.
“Uma vez que se garante essa malha verde dentro do pátio escolar, ela de facto traz um conforto térmico às crianças e também é uma oportunidade de elas terem contacto com a natureza”, declarou.
Entre os oradores do evento estão Dune Lankard, presidente da organização Native Conservancy, Won Jung Byun, da educação verde na UNESCO, e Richard Louv, autor de “Last Child in the Woods”, livro onde cunhou o conceito de transtorno do deficit de natureza, que se refere aos impactos negativos no desenvolvimento quando a criança não tem contacto com a natureza.
“Quando as pessoas falam dessa tríplice crise, a gente sempre advoga que há uma quarta crise invisível, que é exatamente essa restrição que as crianças hoje em dia têm de acesso à natureza, que gera desconexão”.
A colaboração entre a Alana Foundation e a UCLA Lab School foca-se no desenvolvimento de políticas “para que a escola fique cada vez mais resiliente em relação às mudanças climáticas” e as crianças tenham acesso a cultivos, animais e florestas no recinto escolar.
“Porque quando você tem um vínculo com a natureza, principalmente na infância, acaba por se desenvolver como um adulto que tem hábitos mais sustentáveis e que passa a cuidar do meio ambiente de uma forma mais natural”, disse Fleury.
“Porque quem ama cuida”, frisou.
No encontro estará a pediatra Danette Glassy, que vai apresentar os benefícios de saúde infantil associados ao contacto com a natureza, e Priya Cook, diretora da Green Schoolyards, com estudos sobre o valor económico de ter mais verde nas escolas.
A Semana com Lusa
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