A associação brasileira Inclusão do Amor, que se dedica à formação e integração de pessoas com deficiência mental no mercado de trabalho, anunciou que se está a expandir para Portugal e Cabo Verde, e quer chegar a outros países africanos.
Numa entrevista à Lusa, em Lisboa, Natália Alves, presidente executiva da associação, adiantou que o projeto em Cabo Verde é para inaugurar a 08 de abril, em parceria com a Câmara da Cidade da Praia e uma associação local, na capital cabo-verdiana. Em Portugal, irá instalar-se em Lisboa, onde procura um espaço para o efeito, e também no Porto, em parceria com outras associações, universidades, Instituto Pernambuco e Café Joyeux.
Até lá, por acordo de colaboração com o Consulado do Brasil em Lisboa, começa já a formação no próprio consulado, para todos, e não só para brasileiros portadores de deficiência, devendo a primeira ação ser anunciada no próximo dia 27, disse.
Criada no Brasil há quatro anos, em tempo de pandemia, como uma homenagem de Natália Alves ao seu filho, com síndrome de Down, que acabou por falecer dez dias depois de nascer, a Inclusão do Amor tem a sua sede na cidade do Recife, no estado brasileiro de Pernambuco, mas "não tem fronteiras", atuando em vários locais do Brasil e com ações na Tanzânia, em África.
"No próximo mês, vamos implantar o nosso projeto em Cabo Verde", afirmou, adiantando que a associação tem como meta chegar a outros países lusófonos e de toda África, o que leva Natália Alves a deixar um desafio às autoridades portuguesas: "Vamos replicar isso, Brasil e Portugal, no continente africano", pois “a gente deve muito ao continente africano".
O objetivo geral da associação é precisamente a integração de pessoas com deficiência no mundo do trabalho, uma meta alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) - ODS 10 - Redução das desigualdades.
No comunicado da associação sobre o evento que vai realizar sexta-feira no Porto, o VIII Encontro Internacional Inclusão como Estratégia de Inovação, Brasil/Portugal, realça-se o esforço para alcançar um acordo de Cooperação Internacional nos países lusófonos e discutir políticas públicas inclusivas voltadas para as pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
O evento do Porto contará com as participações da ministra de Estado e que tutela o Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Macaé Evaristo, do deputado federal por Pernambuco Pedro Campos e dos cônsules do Brasil em Lisboa e no Porto.
Estão igualmente previstas intervenções de professores portugueses e brasileiros, empresários e responsáveis da Joyeux, de Portugal e Nova Iorque, pela particularidade de representarem um projeto que emprega pessoas com deficiência mental e com o qual a associação quer fazer uma parceria e levar uma cafetaria para o Recife.
Este encontro é um “dos produtos" com que a associação "busca desconstruir o capacitismo, que é o preconceito perante as pessoas com deficiência, e gerar oportunidades" laborais, explicou Natália Alves.
No Recife, a associação lançou "um curso profissionalizante para 18 pessoas com síndrome de Down e as 18 foram inseridas no mercado de trabalho", e em João Pessoa, capital do estado brasileiro de Paraíba, fez outro e os alunos já estão todos a trabalhar, disse.
A associação tem cursos profissionais de atendimento ao público e de empreendedorismo e de marketing, além de um projeto de horta inclusiva.
O acordo de cooperação internacional Brasil Portugal que deseja firmar visa que "haja intercâmbio de conhecimento, pesquisas científicas e práticas inclusivas”, adiantou.
Natália Alves frisou que, no Brasil, existem, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em parceria com o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, 18,6 milhões de pessoas com deficiência e, dessas, menos de 12% tem emprego formal" e, destes, “apenas um por cento" são pessoas com deficiência intelectual.
A Semana com Lusa
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