Os antigos Presidentes moçambicanos Joaquim Chissano e Armando Guebuza defenderam hoje a consolidação da paz e unidade nacional no país, quando se celebra o Dia dos Heróis no decorrer de uma crise pós-eleitoral.
“Celebramos o 03 de fevereiro e obra dos nossos heróis. Mas celebramos também tendo em conta que gostaríamos de estar sempre a celebrar. Por conseguinte, a paz que nós saboreamos um pouco deve melhorar ainda mais”, declarou à comunicação Armando Guebuza, a partir da Praça dos Heróis, local que acolheu as cerimónias centrais do Dia dos Heróis.
O Estado moçambicano consagrou o dia 03 de fevereiro como Dia dos Heróis em homenagem ao fundador da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, Eduardo Mondlane, assassinado nesta data em 1969.
Eduardo Mondlane morreu quando uma bomba escondida num livro que tinha nas mãos explodiu, num atentado atribuído à extinta Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), entidade do regime colonial português, contra o qual a Frelimo lutou por 10 anos até à independência, em 1975.
“Os esforços de Eduardo Mondlane e de outros heróis, alguns anónimos, que trabalharam para Moçambique, devem ser celebrados”, frisou Guebuza, chefe de Estado moçambicano entre 2005 e 2015.
Também Joaquim Chissano, Presidente moçambicano entre 1986 e 2005, afirmou que a paz em Moçambique deve ser uma prioridade, num processo que deve incluir a valorização da história e cultura do país.
“Os jovens devem procurar os mais velhos para conhecer a sua história e valorizar a sua cultura. Devem-se interessar pela cultura moçambicana (…). O passado é muito importante: saber de onde viemos, por onde passamos e para onde vamos”, acrescentou.
O feriado do Dia dos Heróis é comemorado num contexto em que o país atravessa a pior crise pós-eleitoral desde as primeiras eleições, em 1994, um período marcado por protestos, manifestações e paralisações, convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados, com confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes, além de saques e destruição de equipamentos públicos e privados.
A crise pós-eleitoral que o país hoje atravessa resulta da contestação aos resultados proclamados das eleições gerais de 09 de outubro, que deram a vitória a Daniel Chapo, apoiado pelo partido no poder e já empossado como quinto Presidente de Moçambique.
De acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais em Moçambique, nestes protestos, nos últimos três meses, há registo de pelo menos 315 mortos, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e pelo menos 750 pessoas baleadas.
A Semana com Lusa
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