Vários líderes internacionais reunidos na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, abordaram o aumento do terrorismo no continente africano, onde se regista a maioria dos assassínios relacionados com o terrorismo mundial, sobretudo na região do Sahel.
“África continua a ser o epicentro do terrorismo global”, afirmou a secretária-geral adjunta da ONU, Amina Mohammed, num debate aberto no Conselho de Segurança sobre a luta contra o terrorismo em África.
De acordo com esta responsável, os números são claros, com quase 60% de todos os assassínios relacionados com o terrorismo no mundo a terem lugar na África subsaariana.
O Sahel lidera esta lista, com mais de 6.000 mortes no ano passado, mais de metade do número total de vítimas, adiantou.
Só o Burkina Faso registou um aumento de mais de dois terços no número de mortos, o que levou este país sem litoral da África Ocidental a ocupar o primeiro lugar no ranking mundial das vítimas do terrorismo.
Os países costeiros da região não ficam atrás. Em apenas dois anos, estes países registaram um aumento de mais de 250% nos ataques perpetrados por grupos filiados na Al-Qaida e no Estado Islâmico.
Para Amina Mohammed, exemplos não faltam, desde o Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos, uma aliança extremista que atua no Benim, até à Lakurawa, uma organização pouco conhecida, mas responsável por ataques transfronteiriços no noroeste da Nigéria, no Níger e no Chade.
A alta funcionária também apontou riscos acrescidos de infiltração e radicalização no norte do Gana, no Togo e na Costa do Marfim.
“A este ritmo, o futuro de toda a África Ocidental está em jogo”, alertou Amina Mohammed.
A responsável da ONU defendeu soluções que se centrem nas causas profundas do fenómeno para combater eficazmente o terrorismo na região.
“O terrorismo alimenta-se da fragilidade e da pobreza, da desigualdade e da desilusão”, sublinhou.
“Quando o financiamento do desenvolvimento se esgota, quando as instituições frágeis são acompanhadas por uma governação fraca, quando as mulheres e os jovens são excluídos da tomada de decisões, quando os serviços públicos são escassos ou desiguais, estas condições criam um terreno fértil para a radicalização e o recrutamento”, explicou.
E defendeu ainda a necessidade de se adotarem abordagens baseadas nos direitos humanos, pois considera que as medidas de luta contra o terrorismo resultam demasiadas vezes em violações dos direitos humanos.
“A cooperação regional é a base de qualquer estratégia eficaz de luta contra o terrorismo”, afirmou, sublinhando o papel fundamental que a União Africana (UA) tem na coordenação dos esforços nacionais e internacionais.
O Comissário da UA para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança, Bankole Adeoye, afirmou que o reforço da “liderança africana” na luta contra o terrorismo era essencial, antes de sublinhar a necessidade de desenvolver abordagens “orientadas para o desenvolvimento”.
Entre as iniciativas desenvolvidas pela sua organização, Bankole Adeoye mencionou as atividades do Centro Antiterrorista da UA, bem como o desenvolvimento em curso de um novo Plano de Ação Estratégico Continental para garantir a sustentabilidade da luta contra o terrorismo.
Said Djinnit, em nome do Centro Africano para a Resolução Construtiva de Conflitos (ACCORD), uma instituição de gestão de conflitos sediada em Durban, na África do Sul, afirmou que a abordagem regional do contraterrorismo em África deve ser associada a uma abordagem “abrangente e integrada”.
Djinnit também defendeu a importância das estruturas estatais nos países afetados pelo terrorismo.
“Temos verificado que quando os civis se opõem ao terrorismo e se sentem protegidos pelo seu Estado e pelas suas estruturas de defesa e segurança, os esforços antiterroristas são mais bem sucedidos”, afirmou.
A Semana com Lusa
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