A Fundação João Lopes, com sede na capital cabo-verdiana, Praia, vai promover, de quarta a sexta-feira, uma série de ações nos Açores para reforçar a identidade cabo-verdiana junto da comunidade emigrante e estabelecer parcerias culturais.
O principal objetivo é a "divulgação da cultura cabo-verdiana", disse à Lusa João Lopes Filho, um dos principais etnólogos do arquipélago e presidente da fundação que recebeu o nome do pai, sendo dedicada à cultura, ciência e artes.
O evento também vai marcar a formalização de um protocolo com a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e aprofundar as relações com a comunidade cabo-verdiana residente.
João Lopes Filho referiu que, nos Açores, existe uma comunidade cabo-verdiana "bastante antiga, desde os anos 70", que tem enfrentado "uma certa alteração" e afastamento em relação à realidade do arquipélago.
"Quase sempre, os pais só passam para os filhos aspetos sociais mais interessantes, mais bonitos, mas toda a nossa sociedade tem duas faces", sustentou.
Entre as atividades previstas, está uma palestra dedicada à "mestiçagem da comunidade cabo-verdiana", além de encontros com emigrantes.
"Estamos a fazer um trabalho que Cabo Verde deveria fazer, mas não faz", apontou, numa crítica às autoridades do arquipélago, referindo-se à importância de iniciativas para preservar e divulgar a cultura.
Um desses encontros realizar-se-á num restaurante gerido por uma cabo-verdiana, promovendo a interligação entre as comunidades.
As ações, que decorrerão até sexta-feira, integram atividades culturais, palestras e momentos de convívio, tendo como pano de fundo os 50 anos da independência de Cabo Verde, que se assinalam este ano.
A Fundação é uma instituição privada, sem fins lucrativos, que se apresenta como uma organização com independência política, religiosa e cultural.
Tem sede no bairro do Palmarejo, Praia, e pretende abrir delegações noutras ilhas cabo-verdianas, bem como em pontos estratégicos junto da diáspora cabo-verdiana, como já acontece em Lisboa.
João Lopes Filho nasceu na Ribeira Brava, ilha de São Nicolau, em 1943, e, em 2021, o Governo cabo-verdiano atribuiu-lhe a medalha de mérito cultural "em reconhecimento pelo excecional contributo prestado para a afirmação e expansão da cultura cabo-verdiana", na qualidade de "principal investigador de Antropologia e Etnologia no país".
A Semana com Lusa
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