Um estudo realizado em 2021 pela equipa de neurologia do Hospital Agostinho Neto revelou a existência de 73 pacientes diagnosticados com doenças do movimento (DDM) em Cabo Verde, sendo 44 do sexo masculino e 29 do sexo feminino.
Os dados foram facultados pela neurologista do Hospital Universitário Agostinho Neto (HUAN) Antónia Fortes, em entrevista à Inforpress, por ocasião do Dia Mundial das Doenças de Movimento, que se assinala hoje, 29 de Novembro.
Segundo Antónia Fortes, os pacientes analisados tinham idades entre 34 e 87 anos e os diagnósticos foram realizados com base nos critérios da Sociedade Internacional das Doenças do Movimento.
Conforme explicou, doenças do movimento são um grupo de condições neurológicas que afectam a capacidade de produzir e controlar movimentos voluntários que geralmente são degenerativas e lentamente progressivas que afectam áreas específicas do cérebro.
De acordo com a neurologista, entre as principais doenças do movimento destacam-se a doença de Parkinson, a paralisia supranuclear progressiva, a atrofia multissistémica, a degeneração corticobasal, a doença de Huntington, a doença de Wilson, o hemibalismo e a atetose.
No estudo realizado verificou-se que 67 doentes (84,4%) tinham doença de Parkinson e quatro (5,19%) apresentavam provável Parkinson, dois (2,6%) foram diagnosticados com paralisia supranuclear progressiva e quatro (5,1%) tinham coreia de Huntington.
Em termos dos sintomas, Antónia Fortes esclareceu que são divididos em dois grupos, sintomas motores e os não motores.
“Os sintomas motores incluem, tremores que podem ser em repouso (no caso da doença de Parkinson) ou em acção, a rigidez, ou seja, aumento do tônus muscular, identificação dos movimentos voluntários e dificuldade de manter o equilíbrio”, apontou.
Já os sintomas não motores, esta especialista indicou a depressão, redução ou perda do olfato, distúrbio do sono, alteração do hábito intestinal (dificuldades em controlar a urina).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que cerca de 1% da população mundial com mais de 60 anos pode vir a desenvolver doença do movimento, nesse caso o Parkinson.
Antónia Fortes sugeriu que a pessoa idosa deve manter uma vida activa com hábitos saudáveis, desde o controlo das doenças crónicas, alimentação saudável, evitar o uso do álcool e do tabaco e praticar exercício físico regularmente.
A neurologista informou ainda que não existe cura para esse grupo de doenças, entretanto, sublinhou que existem medicamentos que podem diminuir e retardar a progressão dessas doenças.
“Em alguns casos quando a medicação não é eficaz pode ser considerada cirurgia para estimulação cerebral profunda (DBS)”, precisou.
Acrescentou que o diagnóstico ainda é baseado na história clínica do paciente, exame neurológico e exames de imagiologia tais como a ressonância crânio encefálico.
Para esta especialista, é importante celebrar o Dia Mundial das Doenças do Movimento, no sentido de alertar para a necessidade de um diagnóstico atempado e referenciação para profissionais de saúde com experiência no tratamento dessas doenças.
O Dia Mundial das Doenças do Movimento é celebrado anualmente a 29 de Novembro.
A data, escolhida em homenagem ao neurologista francês Jean-Martin Charcot, tem como propósito informar e alertar sobre as doenças do movimento, facilitando o acesso aos tratamentos e profissionais de saúde.
Este ano, para assinalar a efeméride, a Fundação Doenças do Movimento em Cabo Verde (DDM-CV), juntamente com o Grupo de Inter-Apoio, organizou uma palestra na Universidade Sénior de Cabo Verde com o intuito de aumentar a conscientização sobre a importância de uma vida saudável para a população idosa.
A Semana com Inforpress
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