O impasse entre os moradores do Condomínio Salinas e o IFH aprofundou-se após uma reunião na sexta-feira, 18, com a imobiliária a apresentar justificativas para as queixas anteriores e moradores a reivindicarem redução dos juros do contrato.
Em decorrência das últimas manifestações e demanda dos condóminos no passado dia 09 de Outubro, o presidente do conselho de administração da Imobiliária, Fundiária e Habitat (IFH), José Martins, deslocou-se à ilha da Boa Vista para se reunir com os moradores do Condomínio Salinas, “sentir e esclarecer” a situação.
Uma das questões que tinha gerado descontentamento dos moradores era o surgimento de apartamentos arrendados no âmbito de “politica social” num condomínio que inicialmente foi-lhes indicado que só seria para a modalidade de pronto pagamento e venda a prestação.
Durante a reunião, José Martins aclarou que dos 280 apartamentos do condomínio, os 40 que foram arrendados recentemente a jovens ocorreu num sistema subsidiado pelo Governo, e que é parte da missão à ilha verificar se os mesmos poderão adquirir o apartamento num sistema de venda a prestações com reserva de propriedade.
José Martins indicou que mesmo havendo expectativas dos moradores que compraram apartamentos no sistema de venda a prestações com reserva de propriedade, que pagam ao longo do tempo, não podem diminuir os custos que estão associados ao processo de financiamento e são necessários para garantir a sustentabilidade do projeto.
Além de existir uma escritura pública e contratos de compra e venda realizados nesses termos, feitos de uma “forma justa e mais acessível”.
Em contrapartida, os moradores do Condomínio Salinas intensificaram suas reivindicações, além dos problemas da infra-estrutura, os moradores agora também querem a redução dos juros pagos nos financiamentos, que segundo eles “são excessivos e comprometem grande parte da renda familiar”.
Para Napoleão Lopes, que falou em nome dos moradores, a reunião “não deu em nada”, pelo que pedem aos dois deputados que representam a ilha e a todos os que representam o povo na Assembleia Nacional para tomarem medidas.
“Temos uma proposta que vamos apresentar para eliminação e também bonificação de juros, tendo em conta que no fim de 30 anos vamos pagar um apartamento que vai custar o dobro” afirmou Napoleão Lopes.
E não consideram que seja justo haver subsídio para uma parte e para a outra não, sendo que são todos jovens, “trabalhando cansados” na ilha para tentar ter um apartamento digno, e todos vivem dentro do condomínio, independentemente de classe social, tem os mesmos direitos e deveres.
Napoleão Lopes disse que a reivindicação “agora é ao Governo e não à IFH”, que só recebe o dinheiro e “não está preocupada” com os moradores, deixando claro que não podem fazer mais nada, pois a sua preocupação maior da imobiliária é “garantir estabilidade da empresa e dinheiro para ocofre do Estado”.
O mesmo disse que os condomínios Casa para Todos se tornaram num “autentico pesadelo” e que alguns moradores estão até cogitando recorrer a advogados para anulação do contrato e pedir a devolução do seu dinheiro, se não reavaliarem os contratos.
O Condomínio Salinas enquadra-se no programa habitacional “Casa para Todos”, gerido pela IFH, uma sociedade anónima detida pelo Estado.
A Semana com Inforpress
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