A Associação Fauna e Flora de São Francisco (AFF) manifestou-se hoje “preocupada” com a realização do “Escape Beach Festival”, este sábado, na praia de São Francisco, tendo em conta que coincide com a época de desova das tartarugas.
Em declarações à Inforpress, a presidente da AFF, Ilse Drescher, considerou que este evento, previsto para arrancar às 16:00 e com término à meia noite, irá prejudicar e diminuir o número de ninhos de tartarugas.
Segundo explicou, com a realização deste festival, a praia vai ficar muito movimentada, com muito trânsito, iluminação e vibrações de música muito alta, aspectos esses negativos para a nidificação desta espécie.
Para esta responsável, o local ideal e apropriado para a realização deste festival seria a 500 metros da praia, conforme diz a lei cabo-verdiana, e não na praia onde neste momento os promotores do evento já estão a arrumar todos os preparativos.
“Infelizmente não posso fazer nada, porque a Câmara Municipal da Praia já concedeu licença aos promotores do evento”, disse Ilse Drescher, sublinhando que uma das preocupações da Associação Fauna e Flora tem a ver também com a quantidade de lixo deixada em São Francisco que, no seu entender, terá impacto negativo para o ambiente.
Entretanto, assegurou que do encontro realizado há duas semanas entre a autarquia praiense, a associação e os promotores do evento não obtiveram uma resposta adequada em relação a área limite para a realização do Escape Beach Festival, tendo salientado que não teve nenhuma resposta da Direcção Nacional do Ambiente.
Contactada pela Inforpress, a directora de Ambiente e Saneamento da CMP, Dulcelina Costa, assegurou que do encontro entre a câmara, a associação e os organizadores do certame ficou acordado que a área de nidificação das tartarugas será cercada, e com o apoio da Polícia Nacional as pessoas não terão acesso a este lugar.
Em relação à iluminação, adiantou que os promotores comprometeram-se em usar luzes que tenham o mínimo de impacto possível e não põem em causa o processo de nidificação das tartarugas.
Por seu turno, o director nacional do Ambiente, Alexandre Nevsky, ouvido pela agência, na última quarta-feira, afirmou que estavam em negociação com a equipa do certame e a analisar o processo, sendo que existem alguns aspectos a serem ajustados e que têm a ver com a própria conservação da tartaruga.
“A lei quando é aplicada tem de ser vista no seu todo, e São Francisco é uma praia de desova de tartarugas, mas não em toda extensão”, referiu Alexandre Nevsky que disse que o processo estaria concluído na quinta-feira.
A Inforpress tentou hoje ouvir o director nacional do Ambiente, mas sem sucesso.
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