O Instituto do Património Cultural (IPC) cabo-verdiano e a Universidade de Cambridge descobriram vestígios de casas mais antigas do país, em Alcatraz, onde funcionou a capitania no Norte da ilha de Santiago, foi hoje anunciado.
“Após um mês de escavação, foram achados vestígios da ocupação deste sítio no decurso do povoamento de Cabo Verde no século XV, com particular incidência para estruturas habitacionais mais antigas em todo o Cabo Verde”, divulgou o IPC.
Para a mesma fonte, trata-se de um “momento de extrema relevância” para a história de Cabo Verde, que confirma, “por meio de evidências materiais”, que Alcatraz funcionou como a Capitania Norte da ilha de Santiago, conforme a divisão administrativa do início do povoamento da ilha (1462), entregue ao capitão donatário Diogo Afonso há seis séculos.
“Além de trazer evidências sobre os primórdios da história de Cabo Verde e reforçar a compreensão da organização administrativa e social da ilha de Santiago no século XV, esses achados arqueológicos têm o potencial de enriquecer significativamente o património cultural e a identidade nacional cabo-verdiana”, completou.
«As escavações acontecem a cerca de 200 metros da igreja católica, gótica, de Nossa Senhora da Luz, datada de 1480, que será a segunda mais antiga da África subsaariana, depois da Cidade Velha, e que foi totalmente reabilitada em 2020».
Os trabalhos arqueológicos estão a ser realizados pelo IPC e pela Universidade de Cambridge, em parceria com a Câmara Municipal de São Domingos, município onde fica situado o sítio histórico, classificado como património nacional.
Esta é a terceira escavação realizada na Baía de Alcatrazes, onde também funcionou um dos mais antigos templos da África subsaariana, depois de novembro de 2022 e da primeira prospeção, em 2012, além de outros trabalhos arqueológicos realizados pelo meio.
Em novembro de 2022, numa reportagem da Lusa, Christopher Evans, arqueólogo da Universidade de Cambridge e que lidera a equipa de trabalhos, disse que foram descobertos seis edifícios no local, onde os portugueses tiveram uma presença por apenas cerca de 50 anos, de 1475 a 1525.
“E isso significa que há dois aspetos que o tornam interessante. Uma delas é que é muito importante em termos de artefactos, cerâmica, metais, todo o tipo de coisa que encontramos, porque é um período muito curto e isso é importante. Isso também significa que o local não é muito complicado”, explicou, na altura, o investigador.
Localizada na parte oriental da ilha de Santiago, a cerca de 30 quilómetros do centro da cidade da Praia, Alcatrazes terá sido, segundo os historiadores, a segunda povoação de Cabo Verde, desenvolvida em 1462, ao mesmo tempo que Ribeira Grande (hoje Cidade Velha, património da Humanidade), mas foi abandonada meio século depois devido à aridez do local.
As escavações acontecem a cerca de 200 metros da igreja católica, gótica, de Nossa Senhora da Luz, datada de 1480, que será a segunda mais antiga da África subsaariana, depois da Cidade Velha, e que foi totalmente reabilitada em 2020.
O objetivo do IPC é transformar o local num centro interpretativo e num museu a céu aberto, para mostrar a história de Cabo Verde desde a sua ocupação e povoamento.
A Semana com Lusa
09 Fevereiro de 2024
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