Cinco chefes de governo da União Europeia (UE), incluindo o alemão Olaf Scholz, apelaram aos Estados-membros para que se esforcem mais no apoio militar à Ucrânia contra a Rússia, antes de uma cimeira crucial dos 27.
“Temos de redobrar os nossos esforços para garantir que o nosso apoio se mantém durante o tempo necessário”, afirmaram os dirigentes europeus num artigo de opinião publicado hoje no diário britânico Financial Times.
Além de Scholz, assinam o artigo Mette Frederiksen (Dinamarca), Petr Fiala (República Checa), Kaja Kallas (Estónia) e Mark Rutte (Países Baixos).
“A Ucrânia não dispõe de quantidades suficientes de munições de artilharia. E os compromissos de apoio militar correm o risco de ficar aquém das necessidades de Kiev”, alertaram no artigo citado pela agência francesa AFP.
Os cinco dirigentes apelaram aos amigos e parceiros de Kiev para que se comprometam novamente a prestar apoio militar sustentável e a longo prazo à Ucrânia, enquanto responsabilidade europeia partilhada.
A tomada de posição ocorre numa altura em que alguns países da UE, liderados pela Alemanha, afirmaram repetidamente nas últimas semanas que os Estados-membros podiam fazer mais em termos de ajuda militar à Ucrânia.
Os 27 vão discutir na quinta-feira, em Bruxelas, o apoio financeiro a Kiev e a Comissão Europeia pediu hoje aos Estados-membros um inventário detalhado do apoio militar à Ucrânia.
“É importante clarificar a situação e saber onde estamos e onde estaremos entre agora e março e o final do ano”, disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, antes de uma reunião dos ministros da Defesa da UE.
Espera-se uma cimeira difícil na quinta-feira para chegar a um compromisso com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que em dezembro vetou o pagamento de 50 mil milhões de euros de ajuda europeia a Kiev durante quatro anos.
No artigo no Financial Times, os cinco chefes de governo recordaram que no início de 2023, a UE se comprometeu a fornecer à Ucrânia um milhão de cartuchos de artilharia até ao final de março deste ano.
“A dura realidade é que não atingimos esse objetivo”, reconheceram no artigo conjunto.
“O que é urgente agora é enviar para o terreno as munições e os sistemas de armas, incluindo obuses, tanques, ‘drones’ e defesa aérea, de que a Ucrânia necessita tão urgentemente. Agora”, acrescentaram.
As discussões na UE ocorrem numa altura em que negociações entre democratas e republicanos no Congresso norte-americano estão a travar um pacote de apoio de 61 mil milhões de dólares (56,3 mil milhões de euros ao câmbio atual) à Ucrânia.
A Casa Branca (presidência norte-americana) tem afirmado repetidamente que não haverá mais ajuda militar a Kiev sem uma extensão do orçamento.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, advertiu na terça-feira que a UE será incapaz de lidar sozinha com a ajuda militar e financeira à Ucrânia se os Estados Unidos renunciarem ou atrasarem a assistência a Kiev.
“A Europa sozinha não poderá apoiar a Ucrânia como tem feito até agora, nem financeira nem militarmente”, disse Zelensky à televisão alemã ARD, dando conta da preocupação em Kiev com o impasse em Washington.
A Ucrânia tem contado com apoio financeiro e em armamento dos aliados ocidentais desde que foi invadida pela Rússia, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kiev também têm imposto sanções contra interesses económicos russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
A Semana com Lusa
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