quinta-feira, 19 setembro 2024

Eua/Eleições: Acusam-no de ser um "perigoso radical de esquerda" mas Tim Walz chegou para moderar Kamala Harris

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Donald Trump classifica-o como "um perigoso radical de esquerda", mas o Partido Democrata espera utilizar a aura de "um homem normal" de Tim Walz para conquistar o eleitorado moderado.

 

“Estes tipos são simplesmente estranhos”. Com estas poucas palavras acerca de Donald Trump e de JD Vance, um dos governadores democratas menos conhecidos foi catapultado para a ribalta da corrida eleitoral, nos Estados Unidos da América. Tim Walz, de 60 anos, foi escolhido para ser o número dois da candidata democrata Kamala Harris à presidência. Donald Trump foi rápido a reagir, acusando o candidato de ser um “perigoso radical de esquerda”.

 

Walz vai fazer o papel que Biden fez quando Obama se candidatou pela primeira vez, com Obama a prometer abalar o sistema e com Biden a colocar-se mais ao centro para garantir que a máquina continua a funcionar. Kamala promete abalar o sistema americano e Walz aparece como moderado”, defende Tiago André Lopes.

Um veterano militar nascido bem no interior do coração dos Estados Unidos da América, numa pequena localidade no estado do Nebraska, Walz fez grande parte da sua carreira como professor de geografia e como treinador de futebol americano do ensino secundário. Serviu nas forças armadas norte-americanas durante 24 anos, alistando-se aos 17 anos na guarda nacional do exército. Quando se retirou, em 2005, era sargento-mor, uma das posições mais altas para um militar voluntário.

Atualmente, Walz cumpre o segundo mandato enquanto governador do estado do Minnesota, depois de 12 anos na Câmara dos Representantes, onde deu voz a um distrito rural historicamente dominado pelos republicanos. A capacidade de lidar com o eleitorado republicano moderado parece ser um dos principais motivos que levaram à escolha do governador para ser o braço direito de Kamala Harris.

Quando se candidatou ao cargo de congressista, conseguiu afastar o opositor republicano, que na altura ocupava o cargo no Capitólio. Durante os anos em Washington DC, ficou conhecido por defender os direitos dos veteranos e por demonstrar ser uma pessoa “com os pés na terra”.  Para os analistas políticos, esta é a principal vantagem de Walz, para os democratas “é uma pessoa normal” que pode ajudar a campanha de Kamala Harris a ser vista como mais moderada.

Quando se olha para Tim Walz, o que vemos é alguém com uma experiência de vida comparável à de muitas pessoas das zonas rurais da América que estão dispostas a reconsiderar o seu voto cego no candidato do Partido Republicano”, defende Heidi Heitkamp, ex-senadora da Dakota do Norte, outro estado rural. “Aqui está um tipo que sabe pescar, que sabe caçar, um tipo que serviu o nosso país na guarda nacional.”

 

 

Tim Walz
Tim Walz, de 60 anos
 

“A grande maioria dos palestinianos não é do Hamas e o Hamas não representa o povo palestiniano. Não podemos permitir que terroristas como o Hamas vençam”, escreveu o governador nas redes sociais.

Ao longo dos últimos anos, Walz foi um forte defensor do presidente Joe Biden, sendo uma das vozes que se manteve fiel à recandidatura do presidente, mesmo após a derrota contra Trump num debate televisivo. À semelhança do presidente, o governador tem uma postura ambiciosa no que toca à política de transição climática. Walz quer que o seu estado dependa 100% de fontes energéticas renováveis até 2040. Além disso, o homem escolhido para ser o número dois de Kamala Harris defende que é possível “criar um futuro de energia limpa onde possamos proteger a nossa água, proteger a nossa terra e fazer isso de uma forma que faça crescer a economia”.

A sintonia com Joe Biden estende-se também à política económica e fiscal do governador. No seu estado, Walz criou medidas para garantir o pagamento de propinas da universidade a alunos de baixos rendimentos, bem como alimentação gratuita nas escolas do estado e licenças médicas e familiares pagas. Além disso, o político norte-americano garantiu verbas de mais de quatro mil milhões de dólares para a construção de habitação, estradas e infraestruturas.

Uma luta de vices

Ambos os candidatos escolherem ter a seu lado um homem do Midwest, a região noroeste do país, composta por 12 estados e mais de 65 milhões de habitantes. Pelo menos, dois dos cruciais “swing states”, estados que oscilam na votação entre os dois partidos, estão nesta região. Tanto Vance como Walz foram escolhidos para ser uma voz próxima dos trabalhadores desta região.

A escolha de Walz é muito inteligente, apesar de ser defensiva. Walz é muito importante para o eleitorado banco moderado que não esteja politicamente radicalizado. Esta escolha vem buscar muito do eleitorado que que JD Vance, candidato a vice de Donad Trump, vinha buscar”, explica o professor de Relações Internacionais Tiago André Lopes.

O rival de Walz, o senador do Ohio JD Vance, tem vindo a ser alvo de críticas nas últimas semanas, depois de os seus comentários sobre as mulheres norte-americanas que não têm filhos biológicos terem vindo a público. Numa entrevista em 2021, Vance sugeriu que estas mulheres são solitárias e que vivem na companhia de gatos, não tendo qualquer interesse no futuro dos Estados Unidos da América.

O candidato republicano é contra o aborto, tendo afirmado que gostaria de “tornar o aborto ilegal a nível nacional”. No entanto, JD Vance fez da posição de Trump a sua e agora está disposto a deixar a decisão nas mãos de cada estado. Esta posição é radicalmente diferente da de Walz, que defende os direitos reprodutivos das mulheres, bem como a fertilização in vitro, que permitiu que ele a sua mulher tivesse uma filha, depois de sete anos de luta contra a infertilidade.

O nome da minha filha mais velha é Hope [esperança em português]. Isto porque a minha esposa e eu passámos sete anos a tentar engravidar, precisávamos de tratamentos de fertilidade, coisas como fertilização in vitro – coisas que [republicanos] proibiriam. Eles são os anti-liberdades”, disse Walz aos apoiantes de Harris.

Uma matéria que distingue os dois candidatos é também a questão do armamento. Ao passo que JD Vance é um acérrimo defensor da segunda emenda da Constituição norte-americana, que garante aos cidadãos o direito à legítima defesa através de armamento. Tim Walz, apesar de não ser o candidato mais radical do partido no que toca à posse de armas, deu aos juízes do Minnesota o poder de retirar as armas a pessoas que possam ser consideradas um perigo para si ou para outros.

Mas talvez nenhum tema separe tanto os dois candidatos como o apoio à Ucrânia. Quando, a 24 de abril, o Congresso finalmente aprovou à justa um pacote de ajuda à Ucrânia de quase 55 mil milhões de euros, JD Vance não poupou críticas ao escancarar da carteira norte-americana para justificar o seu voto contra. Apesar de não ter conseguido o chumbo que pretendia, garantiu aos jornalistas que “ficou claro para a Europa e para o resto do mundo que a América não pode continuar a passar cheques em branco por tempo indefinido”.  Mais tarde, no podcast de Steve Bannon, disse mesmo estar-se “nas tintas para o que acontece na Ucrânia”.

Esta posição contrasta com a de Tim Watz, que no segundo aniversário da guerra na Ucrânia, o governador do Minnesota visitou a embaixada ucraniana nos Estados Unidos da América, onde “reafirmou o nosso compromisso contínuo” de apoio a Kiev e assinou vários acordos de cooperação. Numa publicação nas redes sociais, Tim Walz garantiu que o seu estado mantém-se lado a lado com o povo ucraniano “na luta pela liberdade e pela democracia”. Na mesma altura, o governador do Minnesota criou uma parceria agrícola com a região ucraniana de Chernihiv, depois de se encontrar com a embaixadora. “Assim que expulsarmos os russos, teremos alguma cooperação”, disse Walz.

“Walz, tal como Kamala, defende a ajuda à Ucrânia, mas faz parte do grupo de pessoas que questiona qual o montante dessa ajuda. Com uma vitória de Kamala e Walz, a ideia da ajuda à Ucrânia a custo perdido parece estar prestes a acabar”, frisa Tiago André Lopes.

Embora não seja muito reconhecido fora das fronteiras do seu estado do Minnesota, este homem de 60 anos distinguiu-se nas últimas semanas pelas suas repetidas farpas contra Donald Trump e contra a sua equipa, que descreve como um grupo de “tipos estranhos”. Estas palavras valeram-lhe notoriedade mediática e o antigo presidente não perdeu tempo a reagir à sua nomeação para vice-presidente de Kamala Harris. 

Desde propor a sua agenda livre de carbono, até sugerir muito restritos padrões de emissão de carros a combustível e abraçar políticas que permitem a condenados votar, Walz está obcecado em difundir a agenda de esquerda da Califórnia”, escreveu a campanha republicana. 

“Tal como Kamala Harris, Tim Walz é um perigoso extremista liberal, e o sonho californiano Harris-Walz é o pesadelo de todos os americanos”, lê-se na reação da campanha de Trump. 

A Semana com CNN Portugal

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Colunistas

Opiniões e Feedback

joao neves2
7 days 8 hours

Porquê que as eleições têm de ser realizadas apenas num Domingo? O Governo não pode conceder tolerância de ponto?

D. G. WOLF
16 days 3 hours

A Guiné-Bissau é uma espinha atravessada na garganta dos cabo-verdianos.

JP
20 days 5 hours

hehehe SATANÁS ta inspeciona DEMONIOS hehehe Só trossa propi

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