Um analista disse à Lusa que Macau tem de dar prioridade às épocas baixas e reduzir a dependência dos picos turísticos, uma vez que a região está perto da capacidade máxima para acolher visitantes.
Apesar dos feriados do Ano Novo Lunar, um dos picos turísticos na China, os casinos da região arrecadaram 18,5 mil milhões de patacas (2,12 mil milhões de euros) em fevereiro, menos 4,4% do que no mês anterior.
No mês passado, as receitas diárias do jogo caíram 24%, mais do que esperado, depois da semana do Ano Novo Lunar, entre 10 e 17 de fevereiro, escreveram analistas do banco de investimento Goldman Sachs, numa nota.
“Ficámos muito surpreendidos”, disse à Lusa o analista da consultora de jogo IGamix Ben Lee.
Lee sublinhou que este foi o primeiro Ano Novo Lunar desde a detenção, em novembro de 2021, de Alvin Chau Cheok Wa, líder da Suncity, a maior ‘junket’ do mundo, que fez cair de 85 para 18 o número de licenças de promotores de jogo emitidas em Macau.
Ben Lee disse que os casinos de Macau ainda não conseguiram compensar o impacto da repressão das grandes apostas, que ajudavam a prolongar o efeito positivo dos picos turísticos.
Enquanto o mercado de massas ultrapassou, no mês passado, o valor registado em igual período de 2019, o jogo VIP representou menos de um quarto dos níveis pré-pandemia, disseram analistas do banco de investimento J.P. Morgan, numa nota.
“Os casinos terão agora de reorientar a estratégia para o mercado de massas e procurar acolher mais eventos não ligados ao jogo”, disse o analista da IGamix.
Mas Lee defendeu que qualquer campanha ou atração turística “deve sempre ser feita nas épocas baixas”, até porque “a capacidade turística [de Macau] deve atingir 100% ainda este ano”.
Mais de 1,3 milhões de pessoas visitaram Macau na semana do Ano Novo Lunar e a taxa média de ocupação hoteleira atingiu 95%, disse a Direção dos Serviços de Turismo do território.
Na terça-feira, o Instituto Cultural anunciou o regresso, a 24 de março, do Desfile Internacional de Macau, após um interregno de quatro anos devido à pandemia, com artistas de Portugal, Brasil e Moçambique.
A diretora do Instituto Cultural, Leong Wai Man, disse que a data do desfile foi mudada do final do ano, período que “tem muitas atividades culturais”, para a primavera, uma época em que “há menos eventos de grande escala”.
Ben Lee lembrou ainda que “se Macau quiser ter alguma hipótese de ir atrás do mercado asiático, a única possibilidade será fora das épocas altas”.
Durante os picos turísticos da China continental, “a infraestrutura, os transportes públicos não aguentam”, considerou o analista.
As seis operadoras de Macau assinaram novos contratos de concessão de dez anos, em vigor desde 01 de janeiro de 2023, depois de um concurso público em que as autoridades exigiram a aposta em elementos não jogo e visitantes estrangeiros.
A Semana com Lusa
07 de Março de 2024
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