O líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) afirmou este sábado que a auditoria anunciada aos cadernos eleitorais para as eleições não foi sujeita a concurso ou sequer debatida no plenário da Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
“Ontem [sexta-feira] o porta-voz da CNE quis-nos enganar [e disse] que foi feita uma auditoria. Não nos enganem, não somos mais crianças”, afirmou Adalberto Costa Júnior num comício hoje em Mbanza Congo, capital da província do Zaire.
“O governo está a ficar com medo. (...) O porta-voz da CNE disse aos jornalistas que a CNE já fez a auditoria ao ficheiro dos cidadãos que vão votar. Eu ouvi e disse: ‘que estranho’”, afirmou, recordando que contactou os representantes do partido no órgão.
Estes ter-lhe-ão respondido: “Nós somos comissários nacionais e não há auditoria nenhuma”, disse Adalberto Costa Júnior, salientando que “nenhum concurso público foi anunciado”.
Por outro lado, apenas “há cinco dias, a CNE colocou no seu site a lista com os cadernos eleitorais” quando a legislação impõe que esse prazo tem de ser um mínimo de 30 dias.
“E porque é que [a CNE] publicou?” – questionou aos militantes que o ouviam, respondendo logo de seguida: “Publicou porque os observadores [internacionais] estão aí”.
Adalberto Costa Júnior considerou que o partido governamental, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), se acha dono do país.
“Eles é que dizem que a governação é um direito. E dizem que quem quer alternância é um lunático”, afirmou, criticando as posições mais duras de dirigentes do MPLA sobre a UNITA.
E especulou sobre qual o real motivo desse discurso mais agressivo. “Diz a esses lunáticos que pensam que vão ganhar as eleições e que lhes vamos empurrar as forças de defesa e segurança para lhes tratar da saúde”.
“Mas não acreditamos, já não vai acontecer” uma ação violenta da polícia ou dos militares, responde o próprio Adalberto Costa Júnior a essa estratégia.
“O partido único pensa que é o dono das forças de defesa e de segurança”, mas estas “pertencem ao Estado, que é o povo”.
Na sexta-feira, a CNE anunciou que promoveu uma auditoria ao ficheiro que serviu de base à elaboração dos cadernos eleitorais e "oportunamente" vai tornar público o relatório.
Lucas Quilundo, que apresentou o local que vai funcionar como centro de divulgação dos resultados eleitorais, respondeu a algumas perguntas relativas a críticas que têm sido dirigidas à entidade, mas não esclareceu se o relatório será apresentado antes da data marcada para as eleições gerais.
A inexistência de uma auditoria tem sido criticada várias vezes pelo principal partido da oposição angolana, a UNITA, sem que a CNE se tivesse pronunciado sobre o relatório até ao momento.
"Muito brevemente o relatório de auditoria no Ficheiro Informático de Cidadãos Maiores [FICM] e a solução tecnológica para o apuramento dos resultados será tornado público", prometeu Lucas Quilundo, afirmando que o processo foi feito na sequência de um concurso público internacional promovido pela CNE, ao qual concorreram oito entidades nacionais e internacionais, tendo sido selecionado a Intellera como empresa responsável pela auditoria ao processo tecnológico das eleições gerais e do FICM. A Semana com Lusa
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