A vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, classificou hoje como “gratuito” e “politicamente motivado” o relatório do Departamento de Justiça sobre a gestão inadequada de documentos confidenciais pelo Presidente, Joe Biden, que levantou questões sobre o estado da sua memória.
Redigido pelo conselheiro especial do Departamento de Justiça Robert Hur, o antigo procurador dos Estados Unidos no Estado de Maryland selecionado pelo Procurador-Geral, Merrick Garland, para investigar Biden, o relatório encontrou provas de que este intencionalmente guardou e partilhou com um escritor-fantasma informações altamente confidenciais.
Explicou, contudo, por que razão não crê que as provas cumpram os critérios para se avançar com uma acusação penal, incluindo uma elevada probabilidade de o Departamento de Justiça não conseguir provar a intenção de Biden para além de uma dúvida razoável.
No documento, a memória do Democrata de 81 anos é descrita como “turva”, “confusa”, “deficiente”, “fraca” e com “limitações significativas”, referindo-se que Biden não se recorda de momentos marcantes da sua vida, como quando o filho Beau morreu ou quando foi vice-presidente dos Estados Unidos.
Em resposta à pergunta de um jornalista no final de um evento na Casa Branca sobre prevenção da violência armada, Harris disse que, como ex-procuradora, considerava os comentários de Hur no relatório “gratuitos, imprecisos e inapropriados”.
Ela observou que os dois dias da conversa de Biden com Hur decorreram logo após o ataque de 07 de outubro do movimento islamita palestiniano Hamas a Israel, onde 1.163 pessoas foram mortas e mais de 200 foram feitas reféns - incluindo muitos cidadãos norte-americanos.
“Foi um momento intenso para o comandante supremo dos Estados Unidos da América”, disse Harris, indicando que passou muitas horas com Biden e outros altos responsáveis nos dias que se seguiram e que ele estava “a par de tudo”.
Na sua opinião, “a forma como o comportamento do Presidente foi caracterizado naquele relatório não poderia estar mais errada em relação aos factos e é claramente politicamente motivada, gratuita”.
Harris concluiu as suas declarações sobre o documento afirmando que um conselheiro especial do Departamento de Justiça norte-americano deveria ter “um grau mais elevado de integridade” do que aquele a que estavam a assistir.
Os seus comentários surgem um dia depois de Biden ter insistido, na Casa Branca, em que a sua “memória está ótima” e ter ficado visivelmente zangado enquanto negava ter-se esquecido de quando o filho morreu. Beau Biden morreu em consequência de um tumor no cérebro em 2015, aos 46 anos.
A Semana com Lusa
10 de fevereiro 2024
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