O alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, acusou hoje Israel de cometer “crimes de guerra” e exigiu o fim imediato da colonização na Cisjordânia ocupada e a retirada de todos os colonos.
“A política de colonatos de Israel, os seus atos de anexação e a legislação e medidas discriminatórias envolvidas no processo violam o direito internacional, tal como confirmado pelo Tribunal Internacional de Justiça, e minam o direito palestiniano à autodeterminação”, sublinhou Turk.
“A transferência por Israel de partes da sua própria população civil para o território que ocupa constitui um crime de guerra”, acusou, em comunicado hoje divulgado.
“Israel deve respeitar a decisão do Tribunal Internacional de Justiça e cessar imediatamente todas as novas atividades de colonização, retirar todos os colonos do território palestiniano ocupado e reparar os danos causados por décadas de atividades ilegais de colonização”, acrescentou Volker Turk.
A Cisjordânia é um território palestiniano ocupado por Israel desde 1967.
O responsável da ONU falava a propósito da publicação de um novo relatório dos seus serviços dedicado as atividades na Cisjordânia ocupada e Jerusalém Oriental no período de 31 de outubro de 2023 a 01 de novembro de 2024.
Desde então, e com o estabelecimento de uma trégua na guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas, a 19 de janeiro, o exército israelita lançou uma grande operação na Cisjordânia, onde a violência aumentou consideravelmente desde 07 de outubro – data do ataque do movimento palestiniano ao território israelita, que deu origem à guerra - maioritariamente perpetrada por colonos, por vezes auxiliados pelas forças de segurança israelitas.
Segundo uma contagem do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, morreram 612 palestinianos durante o ano abrangido pelo relatório às mãos das forças de segurança e de colonos, um número muito superior aos 24 israelitas mortos registados no mesmo período.
“A política de colonatos de Israel, os seus atos de anexação e a legislação e medidas discriminatórias envolvidas no processo violam o direito internacional, tal como confirmado pelo Tribunal Internacional de Justiça, e minam o direito palestiniano à autodeterminação”, sublinhou Turk.
De acordo com o relatório, os 12 meses em análise marcam “uma expansão significativa dos colonatos israelitas na Cisjordânia ocupada, incluindo em Jerusalém Oriental”.
Citando organizações não-governamentais (ONG) israelitas, o alto-comissário estima que foram tomadas medidas para implementar a construção de mais de 20.000 unidades habitacionais em colonatos israelitas novos só em Jerusalém Oriental, enquanto 214 propriedades e estruturas palestinianas foram demolidas naquela parte da cidade.
Estão a ser planeadas mais de 10.300 unidades habitacionais dentro de colonatos israelitas existentes no resto da Cisjordânia e estabelecidos 49 novos postos avançados israelitas, “um número sem precedentes”, sublinha ainda a ONU.
“A linha entre a violência dos colonos e a violência do Estado tornou-se ténue, permitindo um aumento da violência e da impunidade”, acusa ainda o relatório, enfatizando os esforços de Israel para militarizar ainda mais o movimento dos colonos.
Entre 31 de outubro de 2023 e 01 de novembro de 2024, o Alto Comissariado contabilizou 1.779 estruturas palestinianas demolidas na Cisjordânia “por falta de licenças de construção, que são quase impossíveis de obter pelos palestinianos”, resultando na deslocação forçada de 4.527 pessoas.
A Semana com Lusa
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