A eleição de domingo, 27, deu sem surpresa a vitória à dupla Alberto Fernández, presidente eleito, e Cristina Kirchner, vice-presidente eleita. O presidente cessante, Mauricio Macri, perdeu a aposta de reduzir a pobreza, devido
ao fraco desempenho na economia. O eleitorado, que perdeu poder de compra no mandato desde 2015, apostou no ’candidato peronista’.
"Vamos construir a Argentina igualitária e solidária com que sonhámos!", exclamou o presidente eleito, Alberto Fernández, no seu primeiro discurso de vitória na noite de domingo, 27, tendo a seu lado a vice-presidente eleita, Cristina Fernández de Kirchner (presidente em dois mandatos sucessivos, de 2007 a 2015).
A candidatura socialista de oposição ao conservador Macri venceu a aposta, como ficou claro quando estavam contados 97 por cento dos votos. Os resultados definitivos na segunda-feira, 28, dão-lhes 48 por cento — mais três por cento do que precisavam para serem eleitos logo à primeira-volta.
Mauricio Macri chegou em 2015 ao poder com a promessa de reduzir a pobreza, mas quatro anos depois aumentou o número de argentinos que vivem abaixo do limiar da pobreza.
O país viu agravar no último ano os indicadores económico-sociais: 35% da população vivem na extrema pobreza, o desemprego atingiu os níveis mais altos, desde 2006, e a inflação explode.
Crise económica e social
"É o péssimo desempenho económico do governo Macri que explica esta vitória", indica à AFP o politólogo Miguel de Luca, professor na Universidade de Buenos Aires.
"Mauricio Macri, que, ao chegar ao poder em 2015, prometeu reduzir a pobreza e a inflação falhou redondamente", como mostram os indicadores acima referidos.
A reformada Antonieta Cavalieri, de 73 anos, afina pelo mesmo diapasão como a mesma expressou ao repórter da televisão pública: "Perdi muito poder de compra nestes últimos anos. Votei em Alberto Fernandez porque quero ver as coisas a mudar".
Ela e "largas dezenas de milhares de argentinos", segundo a imprensa, que como ela festejavam em frente à sede de campanha da dupla Fernández-Kirchner: "Estamos de volta!".
A volta do Peronismo
A ideologia peronista está associada ao socialismo argentino do Movimento Justicialista, criado e liderado a partir do pensamento de Juan Perón, militar e estadista argentino, presidente eleito em 1946, 1951 e 1973. O movimento transformou-se, mais tarde em Partido Justicialista, que é a força política maioritária na Argentina.
O Peronismo tem sido tachado de autoritário pelos seus opositores, em parte baseados no facto de ter havido transmissão do cargo presidencial entre marido e mulher. Foi assim com Isabel Perón, vice-presidente do marido e que com a morte de Juan Perón em 11974 ascendeu à presidência. Também Cristina Kirchner foi primeira-dama da Argentina de 2003 a 2007 e depois ascendeu àpresidência de 2007 a 2015.
Mas os candidatos peronistas só chegam ao poder na Argentina através da via eleitoral e democrática. Além de Perón em 1946, 1952 e em outubro de 1973, Héctor Cámpora em maio de 1973, Carlos Menem em 1989 e em 1995, Néstor Kirchner em 2003 e Cristina Kirchner em 2007 e em 2011, foram eleitos diretamente pelo povo. Adolfo Rodríguez Saá foi eleito pelo congresso argentino após a renúncia do presidente Fernando de la Rúa em dezembro de 2001. Um mês depois, Eduardo Duhalde também foi eleito desta mesma forma após a renúncia do próprio Rodríguez Saá.
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