O PAICV apontou hoje, no debate com o Primeiro-ministro sobre políticas públicas dirigidas às mulheres cabo-verdianas, que a taxa de vítimas de Violência Baseada no Género (VBG) em Cabo Verde é de 11%, com mulheres como principais vítimas. Defendeu que, como alertou Comissão Nacional para os Direitos Humanos e a Cidadania (CNDHC), é urgente rever o modelo de apoio às vítimas, criar mais centros, garantir aplicação real da Lei de VBG e formar profissionais para atuar com eficácia, empatia e segurança.
Fortes ressaltou também que cerca de 18% de mulheres nunca ouviram falar de segurança social, 6,7% não conhecem sequer o INPS e mais de 45% afirmam não ter capacidade para atender grandes encomendas, revelando o limite da sua inserção produtiva. Ainda no campo laboral, a mesma deputada enfatizou que o setor do turismo – que representa cerca de 25% do PIB nacional – emprega uma maioria de mulheres, sobretudo em alojamento e transportes. Assegurou,conforme relatado pelo Banco Mundial, essas mulheres recebem em média 50% menos do que os homens. E, para piorar, a maioria trabalha de forma informal e sem contrato.
Conforme a deputada Josina Fortes , Cabo Verde conta com apenas duas casas de acolhimento temporário para vítimas de VBG – uma em Santiago e outra no Fogo e que as restantes ilhas continuam sem resposta institucional efetiva.
Referiu que nos últimos tempos, registam-se crimes cada vez mais graves: homicídios seguidos de suicídio, ou fuga dos agressores.“Casos que chocam a sociedade, mas que não podem ser normalizados”, advertiu a parlamentar do maior partido da oposição.
Números que falam por si
A porta-voz do PAICV apontou que no arquipélago, segundo o último censo, 49,8% da população é feminina e mais de 52,6% das famílias são chefiadas por mulheres.
“Mas essa centralidade não se reflete nas condições de vida, nem no mercado de trabalho, nem na proteção social. A realidade é marcada por desigualdades persistentes, precariedade estrutural e uma carga desproporcional de responsabilidades familiares”, acrescentou.
Indicou ainda que de acordo com o III Inquérito Nacional ao Setor Informal, realizado em 2023 pelo INE, Cabo Verde tem mais de 20 mil Unidades de Produção Informal (UPI) – 65,6% são lideradas por mulheres.
Segunfo a mesma fonte, essas mulheres são donas de pequenos negócios, vendedoras, cabeleireiras, costureiras, empregadas domésticas, prestadoras de serviços. Disse que trabalham muito, produzem e sustentam familias. Mas que fazem tudo isso sem acesso a crédito, sem segurança social e, muitas vezes, sem visibilidade institucional.
Fortes ressaltou também que Cerca de 18% nunca ouviram falar de segurança social, 6,7% não conhecem sequer o INPS e mais de 45% afirmam não ter capacidade para atender grandes encomendas, revelando o limite da sua inserção produtiva.
Ainda no campo laboral, a mesma deputada enfatizou que o setor do turismo – que representa cerca de 25% do PIB nacional – emprega uma maioria de mulheres, sobretudo em alojamento e transportes. Assegurou,conforme relatado pelo Banco Mundial, essas mulheres recebem em média 50% menos do que os homens. E, para piorar, a maioria trabalha de forma informal e sem contrato.
“Ou seja, é a mulher quem sustenta a economia do cuidado, o comércio informal e o setor dos serviços. Mas é também quem mais trabalha sem direitos, sem estabilidade e sem valorização ", questionou.
Diante dessa realidade, a deputada defende é tempo de agir.Que não basta reconhecer os desafios: é preciso enfrentá-los com coragem política e sensibilidade institucional.
Políticas alternativas
Em termos de polticas alternativas, Josina Fortes asseverou que precisamos de medidas como:
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- Ratificar urgentemente as Convenções 156 e 183 da OIT, garantindo equidade no local de trabalho e proteção à maternidade e à família; -
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Criar um regime contributivo acessível para trabalhadoras informais, com segurança social adaptada à realidade do setor;
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-Promover o acesso das mulheres a crédito, formação técnica e espaços adequados de produção;
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- Fiscalizar com firmeza os setores que praticam desigualdade salarial, como o turismo, e punir as práticas discriminatórias;
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-Reforçar a rede de casas de acolhimento em todas as ilhas, garantir o funcionamento de fundos de apoio às vítimas e acelerar a justiça nos casos de VBG;
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- Implementar uma estratégia nacional contra os estereótipos de género, com foco em educação, comunicação social e políticas públicas.
O governo, segundo o Primeiro-ministro, apresentou (ver esta ediçao), por seu turno, várias medidas tomadas ou a serem tomadas para benificar as mulheres cabo-verdianas.
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