A ilha de Santo Antão vai acolher no próximo ano a quarta edição do festival Morabeza – Festa do Livro, anunciou sexta-feira, o ministro da Cultura e das Industrias Criativa, Abraão Vicente.
A informação foi revelada na abertura oficial da terceira edição que este ano tem como palco principal a ilha do Fogo e extensão à Cidade da Praia.
O titular da pasta da Cultura disse que está garantida a sustentabilidade do evento para os próximos anos e anunciou que o próximo festival será na ilha de Santo Antão para não só homenagear as grandes personalidades desta ilha, mas para trazer a centralidade de uma das ilhas que neste momento promove Cabo Verde em toda a sua dimensão, nomeadamente paisagística, humana, patrimonial e histórica, além da dimensão de beleza memorável.
O ministro indicou que o desafio a ser lançado aos presidentes das autarquias é que haja festival Morabeza por cada ilha.
Com relação a realização da terceira edição na ilha do Fogo, observou que durante muitas semanas perguntaram porque o Ministério da Cultura não homenageou devidamente Henrique Teixeira de Sousa, sublinhando que quem pesquisou as notícias do ano passado no encerramento do festival de Morabeza, entendia que na altura disse que queria trazer o evento para a ilha do Fogo para homenagear o escritor.
“O centenário deste grande vulto da literatura cabo-verdiana merece que estejamos aqui a trazer nomes da literatura, livros e a diversidade”, disse Abraão Vicente, reconhecendo que é uma pena não conseguir trazer Ramos Horta, ex-Presidente de Timor-Leste e Prémio Nobel da Paz (1996).
Salientou que os festivais literários que conhece noutros países repetem-se nos mesmos lugares e que por isso é um desafio para Cabo Verde procurar os meios, financiamentos, escritores, personalidades e os livros para a descentralização do evento.
Segundo o mesmo, os políticos devem estar conscientes de que não devem esperar nada dos escritores e intelectuais e o festival é um evento desinteressado cujo único objectivo é esperar que esta terra os enfeitice e os façam regressar mais vezes.
“Sou um grande entusiasta de Cabo Verde e toda a estratégia de promoção devia centrar-se na cultura, na natureza e no mar, porque são essas as grande valências de Cabo Verde”, admitiu Abraão Vicente, observando que quem conhece Cabo Verde sabe que o país tem um património extraordinário e o seu futuro é absolutamente brilhante é impossível não se apaixonar-se pelas ilhas.
Segundo o mesmo o festival é um excelente pretexto para conhecer Cabo Verde.
Sobre o repto lançado pelo activista cultura Fausto do Rosário para que a cidade de São Filipe seja palco do festival em 2022, altura em que celebra o centenário da sua elevação à categoria de cidade, Abraão Vicente disse que não se compromete porque nessa altura não sabe se será ministro da Cultura, mas adiantou que tomou as notas e deixará um relatório ao seu sucessor porque faz todo o sentido que São Filipe seja um dos palcos do festival de morabeza por esta ocasião.
Quanto a fraca participação de foguenses no acto de abertura, disse que era expectável a abertura não ter muita gente, observando que a literatura não movimenta multidões e é com esta expectativa que o seu Ministério tem estado a trabalhar.
“Nem tudo tem de ser eventos para grandes multidões, tem sido surpreendente os relatórios da feita do livro, quer pela visita das escolas como pela aquisição dos livros”, afirmou o ministro da Cultura, indicando que o foco tem sido as escolas básicas e secundárias e está-se a preparar a próxima geração, reconhecendo que esta geração ainda não apoia totalmente os outros.
“Não se pode forçar as pessoas a irem ao evento, se fosse uma festa as pessoas iam”, afirmou Abraão Vicente, observando que não é por falta de divulgação/comunicação, mas por falta de cultura e é necessário que as pessoas assumam a cultura como algo especial na sua vida e neste capítulo, reconhece que há um trabalho de raiz a ser feito e o Ministério está a lançar sementes para as próximas gerações.
Depois da abertura oficial teve lugar a mesa de debate sobre a “tradição oral” com Fausto do Rosário e Margarida Fontes, mas também momentos culturais com ritual da bandeira, dança de canisade e música ao vivo no espaço da Casa das Bandeiras.
Para hoje está programado um conjunto de actividade, nomeadamente uma sessão com alunos orientada por Carmelinda Abu Raya e João Tordo e entrevista de vida com João Tordo, moderado por Carmelinda Abu Raya, na cidade de Cova Figueira, Santa Catarina.
Já em Chã das Caldeiras, na Casa Marisa, estava previsto, para este sábado à tarde, a mesa de debate sobre “porque precisamos do livro como memória” com Conceição Lima e Germano Almeida, com a moderação de Chissana Magalhães, assim como a “culinária, gastronomia e livros” com Diogo Rocha e moderação de Jorge Sobrado, seguido de “show cooking” sobre a cozinha cabo-verdiana e o futuro sob a responsabilidade de Chakall e Lamine Medina. A Semana com Inforpress
Terms & Conditions
Report
My comments