Algumas dezenas de trabalhadores protestaram esta segunda-feira no Mindelo, Cabo Verde, em frente à empresa espanhola Atunlo de processamento de pescado, contra o silêncio e os atrasos nos pagamentos, após sete meses de ‘lay-off’.
“Queremos os nossos direitos” e “mais respeito pelos trabalhadores”, foram algumas das palavras de ordem entoadas ao lado de cartazes onde se lia “temos contas para pagar, temos filhos para sustentar”, à porta das instalações, cujo mercado de exportação tem sido a Europa.
“Queremos uma decisão. Não podemos estar a ser prejudicados”, referiu Maria Évora, uma das 210 trabalhadoras remetida para casa, a receber metade da remuneração, desde que a fábrica, na ilha de São Vicente, suspendeu a atividade, em fevereiro.
Queixam-se de receber a parte a que têm direito (cerca de 6.500 escudos, 60 euros) de forma repartida e com atraso, em linha com relatos de outros trabalhadores à Lusa.
“É claro que não dá para viver assim. E as pessoas que já estão a dever na loja desde o mês passado?”, questionou Itaulina Dias, outra trabalhadora que participou no protesto de hoje e que pede a atuação do Governo.
“É uma empresa estrangeira e isto já aconteceu noutros pontos de Cabo Verde: resolvem os problemas financeiros nas suas terras e aqui deixam o pessoal à deriva”, referiu.
Em maio, a Atunlo desencadeou um processo de falência em Espanha, onde já tinha começado a fazer despedimentos, enfrentando problemas desde 2023.
Em Cabo Verde, as instalações foram inauguradas em 2015 como um investimento europeu de referência para colocar o arquipélago na linha da frente das exportações de pescado.
A atual prorrogação do ‘lay-off’ termina a 23 de outubro, depois de a empresa ter invocado junto da Inspeção-Geral de Trabalho a necessidade de obter matéria-prima para retomar a atividade.
Mas os trabalhadores pedem à IGT um desfecho: “Queremos uma decisão”, referiu Maria Évora.
Há quem tenha outros empregos em vista, mas se sinta prejudicado com o prolongamento do ‘lay-off’, porque não se quer despedir e abdicar da indemnização por antiguidade.
A Lusa tem tentado obter informações adicionais junto da Atunlo, mas sem sucesso.
No final de agosto, o ministro do Mar, Jorge Santos, referiu que o Governo e a empresa pública de Portos de Cabo Verde (ENAPOR) estão a acompanhar o assunto em busca de soluções que protejam os trabalhadores e o processamento de pescado.
A Semana com Lusa
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