segunda-feira, 23 dezembro 2024

Praia acolhe Colóquio Internacional: Nova Ordem Mundial a caminho, desafios da Esquerda Democrática e recentes golpes de estado em África no centro das atenções

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A Fundação Jean-Jaurès e o PAICV organizam na cidade da Praia, no dia 18 de maio, na Sala de Conferências do Praia Mar Hotel, um Colóquio Internacional dedicado às mudanças em curso na geopolítica global para a substituição gradual da ordem unipolar pós-Guerra Fria e  uma melhor compreensão dos últimos golpes de Estado em África do Oeste e Central, incluindo uma análise dos resultados das últimas eleições no Senegal, as relações entre África e a União Europeia e em particular a França, mas também o papel de outros intervenientes estrangeiros em África.

O forúm decorrerá durante todo o dia e será aberto por Alexandre Minet,representante da Fundação Jean-Jaurès, e Rui Semedo, presidente do PAICV, maior partido da oposição democrática em Cabo Verde.

Em conferência de imprensa, a responsável pelas Relações Externas do PAICV acrescenta que,  de igual modo,enquanto pressuposto e práticas específicas da famíilia poíitica em que os organizadores se inserem, a Conferência Internacional analisará o papel da Esquerda Democrática face às lutas em curso.

Atendendo a que em 2024 se comemora o Centenário de Amílcar Cabral, líder histórico da Guiné Bissau e de Cabo Verde e figura emblemática de África e do mundo, que deu um contributo fundamental não só para a Independência destes dois países mas também para a afirmação de um pensamento panafricanista e autónomo inserido numa visão humanista e digna para todos, afigura-se inteiramente correcto associar esta Conferência Internacional a esta celebração”, destacou Cristina Fontes.

Segundo a mesma fonte, cada sessão terá uma questão central que norteará as discussões, com foco nas seguintes três questões centrais:

  • 1- A reconfiguração em curso dos poderes no mundo: Implicações para a África e o papel que o Continente poderá ter no novo mundo multipolar. Que diversificação de parcerias para reduzir as vulnerabilidades associadas à dependência unilateral do Ocidente e de novos centros de influência;
  • 2- Golpes de Estado e convulsões políticas em África: Que contextos e consequências nacionais e regionais? Qual o papel das organizações regionais e das Nações Unidas cujas intervenções se revelam ineficazes?
  • 3- A relação entre África e França (e a UE): a sua “deterioração” é inexorável? O que têm os actores políticos africanos de esquerda a dizer à França? O que poderia ser uma política de “esquerda africana” da França e da UE? Para tornar produtivo o tempo juntos, os organizadores esperam que os participantes façam algum trabalho preparatório para o Colóquio Internacional e, se possível,apresentem por escrito as suas ideias sobre os itens da agenda.

Desafios da Esquerda em África e Internacional Socialista

A Conferência Internacional será conduzida em português e francês. Para os promotores da iniciativa, o Colóquio será organizado sob a forma de um Workshop de Aprendizagem com ênfase em pensar para além do quadro atual, explorando os principais desafios para poder identificar as questões-chave que poderão influenciar a consolidação dos valores da Esquerda Democrática em África e uma nova visão dos membros da Internacional Socialista (IS) face às mudanças em curso no mundo e particularmente em África.

Pesa-se dar ênfase à participação activa de todos.” As discussões serão organizadassempre em sessão plenária. Nenhuma formalidade ou protocolo serão necessários. Os participantes são incentivados a respeitar pontos de vista divergentes, a permitir que os colegas apresentem os seus pontos de vista e a desenvolver as ideias dos outros”.

Segundo ainda Cristina Fontes, este Colóquio Internacional será facilitado por pessoas com experiência em prospetiva estratégica e comunicação. “Os facilitadores conduzirão as sessões de discussão. A sua principal função será orientar as discussões, garantindo ao mesmo tempo que os participantes desenvolvam as ideias uns dos outros. Sempre que possível, o grupo deve procurar obter consenso e identificar e anotar áreas de desacordo. Pessoas capacitadas, cujo curriculum vitae será disponibilizado, introduzirão os temas para discussão”, salientou.

Contexto mundial: Centenário de Cabral e mudanças

Conforme os mentores do projecto, no momento em que se celebra o Centenário de Amílcar Cabral, não há dúvida de que o mundo, e particularmente África, está a braços com imensas mudanças. “Os detalhes específicos da reconfiguração emergente – profundidade, contornos, velocidade e âmbito sistémico global – são de particular interesse e, claro, sempre sujeitos a várias perspetivas e debates. No entanto, tais debates não podem deixar de constatar que, a diferentes níveis e em diversas arenas, a mudança e o realinhamento estão a ocorrer simultaneamente em múltiplas frentes, conduzindo,inevitavelmente, a uma reestruturação da governação global. Especificamente, no que diz respeito ao sistema multilateral pós-1945 e à Paz Americana que o apoiou, o ressurgimento da China e da Índia, a importância crescente de potências médias significativas, a deslocação em curso do centro do poder económico global e a substituição gradual da ordem unipolar pós-Guerra Fria por um sistema decididamente multipolar, são alguns dos sinais de que a velha ordem está a desaparecer lenta mas seguramente e uma nova está a emergir gradualmente, produzindo um novo equilíbrio de poder no sistema internacional”, fundamentou a conferencista.

Entende Crisitina Fontes que o novo mundo multipolar que se estabelece, é também acompanhado por uma nova configuração do mapa geopolítico global. “Entre os países africanos, num contexto de insatisfação de longa data com o funcionamento do sistema multilateral pós-1945, a erosão perceptível da hegemonia ocidental nos assuntos mundiais e o surgimento de vários centros alternativos de poder e influência, foram bem recebidos e abraçados por vários líderes políticos, e especialmente pela juventude africana, como uma oportunidade para reivindicar direitos há muito frustrados, ganhar espaço e exercer novas escolhas nos assuntos internacionais. Vários países africanos, baseados na percepção de dominação/imposição política, económica, de segurança e cultural do Ocidente, com a sua duplicidade de critérios e apoio condicional, aproveitaram-se disso para expandir as suas relações com os novos centros de poder e influência no mundo. Esperam também que a diversificação da cooperação reduza as vulnerabilidades associadas à dependência unilateral do Ocidente”, sustentou.

Advertiu, no entanto, que ao se procurar romper com os efeitos negativos da parceria existente, deve-se evitar entrar noutra parceria que possa ser desequilibrada, defendendo que o Continente deve claramente trabalhar para não se tornar simplesmente um peão num mundo multipolar onde as regras estão a ser renegociadas. Alertou, por outro lado, que a degradação acelerada do ecossistema a nível global (biodiversidade, alterações climáticas, etc.), neste contexto de instabilidade internacional, contribui consideravelmente para a actual convulsão geopolítica.

Confrontados com esta situação geopolítica em rápida mudança, assistimos também a um declínio democrático a nível global, outro sintoma de uma nova era geopolítica. Os recentes golpes de Estado na África Ocidental e Central, combinados com uma crise e um questionamento do funcionamento democrático, a ascensão ao poder da extrema direita em muitos países ocidentais, mas também as estratégias ofensivas dos regimes autoritários/ditatoriais, reflectem uma declínio claro dos ideais e valores democráticos em todos os continentes”, advertiu.

Papel da Fundação Jean Jaurès e do PAICV

Para Cristina Fontes, a Fundação Jean Jaurès, com todos os seus parceiros internacionais, pretende assim contribuir fortemente – esta é uma das suas razões de existir – para esta difícil e decisiva luta pela consolidação dos ideais e valores da Esquerda Democrática.

O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), com a sua longa experiência de governação de Cabo Verde com resultados palpáveis ​ao nível do desenvolvimento humano e do bem-estar das populações, acredita firmemente que a verdadeira democracia, o respeito pelos direitos fundamentais e a boa governação, que exclui todas as tutelas, são essenciais para a construção e afirmação de um futuro melhor para os povos africanos”, concluiu a responsável das Relações Externas do PAICV.

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Colunistas

Opiniões e Feedback

Xalala
18 days 4 hours

Vai investigar nada Bundão!

Valdo de Pina
20 days 1 hour

O UCS só ouve a própria voz, numa sinfonia desafinada que ecoa a era de Carlos Veiga no poder. Duas relíquias teimosas,

Teste
29 days 16 hours

Isto é somente um teste. Porque não vejo os comentários das pessoas debaixo da notícia como antes?

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