O primeiro-ministro de Cabo Verde constatou em Washington o interesse pela cidadania cabo-verdiana por parte de vários descendentes a viverem nos Estados Unidos, pelo que procurará desburocratizar o processo, disse na quinta-feira à Lusa.
Apesar de ter encontrado uma "diáspora pequena" em Washington - a maioria está concentrada nos estados de Massachusetts, Rhode Island e Connecticut -, o primeiro-ministro acredita que a comunidade cabo-verdiana em solo norte-americano está ciente e orgulhosa dos atrativos do país de origem.
"Aquilo que verifiquei aqui, em Washington, foi a participação de uma diáspora de segunda e terceira geração, muitos jovens, descendentes cabo-verdianos, alguns deles que até nunca foram a Cabo Verde, mas que estão a descobrir o país, a descobrir as raízes, a manter o interesse pelo país", disse Ulisses Correia e Silva, que terminou na quinta-feira uma viagem à capital norte-americana.
De acordo com o dirigente, muitos membros da diáspora já solicitaram a dupla nacionalidade e o Executivo tem todo o interesse em que o façam e que o processo tenha o menor "constrangimento burocrático possível".
"Eles querem e nós estamos também interessados em fazer com que o máximo possível de cabo-verdianos com direito e possibilidade de terem nacionalidade a possam conseguir, até porque nós alterámos a lei da nacionalidade há pouco tempo, precisamente para permitir que até os bisnetos possam ter acesso à nacionalidade com menos constrangimento burocrático possível", explicou.
Apesar de ter encontrado uma "diáspora pequena" em Washington - a maioria está concentrada nos estados de Massachusetts, Rhode Island e Connecticut -, o primeiro-ministro acredita que a comunidade cabo-verdiana em solo norte-americano está ciente e orgulhosa dos atrativos do país de origem.
Segundo o governante, esse interesse por Cabo Verde deve-se à "credibilidade externa" que o país mantém.
"Quando o país é bem classificado, quando é considerado um país democrático, com estabilidade, boa governança, um país com baixo nível de corrupção, bem considerado nas instituições financeiras internacionais, isso acaba por captar o interesse", avaliou.
O primeiro-ministro terminou na quinta-feira uma missão de dois dias a Washington, inserida nas celebrações internacionais dos 50 anos da independência cabo-verdiana.
Esta visita simbólica visa celebrar o progresso desde 1975 e reforçar as parcerias com instituições internacionais e agentes do desenvolvimento.
Um dos objetivos principais foi aprofundar a colaboração com o grupo Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), "duas instituições cruciais para o desenvolvimento do país", indicou o Governo.
No último dia da visita, o Executivo cabo-verdiano anunciou um novo programa de cooperação com o Banco Mundial para os próximos dez anos, destinado a apoiar o crescimento económico, a criação de emprego e o reforço da resiliência do arquipélago.
À Lusa, o primeiro-ministro disse que esse acordo foi o ponto alto da visita, uma vez que permitirá reforçar "ainda mais as condições para o país atingir o desenvolvimento sustentável, com crescimento económico, forte participação do setor privado, oportunidades de emprego para os jovens, redução da pobreza absoluta, eliminação da pobreza extrema e possibilitar a transição de um país de rendimento médio baixo para médio alto".
No encontro com a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, o primeiro-ministro destacou a boa parceria existente, realçando a estabilidade macroeconómica e a capacidade do país para resistir a crises globais, como a pandemia e a crise energética causada pela guerra na Ucrânia.
Ulisses Correia e Silva fez um "balanço muito positivo" da deslocação, garantindo que os "objetivos foram atingidos".
Questionado sobre os seus compromissos de redução da dívida, garantiu que se o seu Executivo continuar a governar após as legislativas de 2026, irá manter uma trajetória de responsabilidade, uma vez que o aumento da "dívida excessiva criaria problemas para as gerações futuras".
"É fundamental manter esta relação de confiança e esta relação de compromisso com um dos fatores importantes que são um constrangimento ao desenvolvimento, como é o caso da dívida excessiva", afirmou.
Durante a passagem por Washington, o político cabo-verdiano disse ainda ter verificado que as instituições financeiras estão a mudar a sua abordagem, levando a cultura e as indústrias criativas para o centro do debate financeiro internacional.
Essa abordagem foi celebrada pelo primeiro-ministro, que considerou importante "não apenas investir na parte industrial e na parte da atividade produtiva direta, mas também criar economia e valor económico através da cultura", concluiu, em declarações à Lusa.
A Semana com Lusa
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