O deputado do Movimento para a Democracia (MpD, poder em Cabo Verde), Orlando Dias, defendeu hoje que o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva devia deixar a liderança do partido, depois do desaire eleitoral nas autárquicas de domingo.
"Esta liderança de quase 12 anos está esgotada e já não tem nada a oferecer ao partido nem ao país", sustentou.
"Seria natural que o presidente do MpD (bem como todos os seus vice-presidentes) pusesse o seu cargo à disposição e o partido marcasse, desde já, uma convenção nacional extraordinária” e antecipando “eleições internas”, a que será candidato, seja qual for a data, referiu, em conferência de imprensa, na Praia.
O objetivo seria dar tempo ao novo líder “para introduzir reformas profundas, apresentar novos compromissos de governação e enfrentar com êxito a disputa eleitoral de 2026”, quando o arquipélago vai a votos para presidenciais e legislativas.
O Governo do MpD está no segundo mandato e é suportado por uma maioria parlamentar.
"É evidentíssimo que o resultado das eleições de 01 de dezembro são um cartão vermelho ao Governo e, em particular, ao primeiro-ministro", afirmou Orlando Dias, dizendo que "diversos estudos de opinião já apontavam para este cenário".
Segundo referiu, o líder do partido “nunca entendeu os evidentes sinais que vinham da sociedade” e travou “o debate interno”.
"Esta liderança de quase 12 anos está esgotada e já não tem nada a oferecer ao partido nem ao país", sustentou.
Entre as propostas, Orlando Dias defendeu uma redução da "máquina pública” que considera “obesa", incluindo os 26 membros do Governo e 72 deputados, números que considera excessivos para um país da dimensão de Cabo Verde (com 500 mil habitantes), a par de reformas na estrutura partidária para fortalecer as bases e atrair novos quadros.
“Temos de refundar o MpD com novas propostas, uma liderança humilde e democrática, que oiça os cabo-verdianos e recupere a confiança do povo. É fundamental reorganizar o partido para que esteja preparado para enfrentar com êxito os desafios de 2026", concluiu.
O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) venceu as eleições autárquicas de domingo, conquistando 15 dos 22 municípios, uma maioria inédita, ficando o MpD com sete, há quatro anos, quando o partido já então no poder vencia em 14 e o PAICV em oito.
A Semana com Lusa
Terms & Conditions
Subscribe
Report
My comments