O presidente da Comissão Política Regional (CPR) do PAICV-Fogo, Luís Nunes, manifestou esta quarta-feira em conferência de imprensa a “profunda preocupação e insatisfação” com a grave situação dos transportes de e para a ilha.
Segundo Nunes, desde a semana passada não há voos disponíveis para a ilha do Fogo, o que deixou centenas de pessoas retidas e mergulhou os foguenses numa crise de mobilidade e conectividade sem precedentes.
Muitas das pessoas que estão retidas são emigrantes e visitantes que estiveram na ilha para celebrar as festas de São Filipe e que agora enfrentam sérias dificuldades para regressar aos seus países de acolhimento.
Estas pessoas, ajuntou, estão com perdas económicas significativas devido a passagens aéreas perdidas e aquisição de novas passagens assim como potenciais consequências laborais nos países de residência.
"A ilha do Fogo nunca viveu uma situação como esta", afirmou Luís Nunes, para quem o mais grave é que a empresa responsável não prestou qualquer esclarecimento aos passageiros, abandonando-os à própria sorte.
A situação é ainda mais crítica porque o transporte marítimo também é “deficitário e imprevisível” e, segundo o presidente da CPR do PAICV, apenas três viagens de barco foram realizadas desde o início de Maio, número considerado “insuficiente” para atender à demanda actual.
Para o PAICV-Fogo, o problema reflecte a “má política de transportes” do actual governo e sublinhou que o sector está à “deriva, sem rumo e sem direcção” e que a substituição, recente, dos membros do Governo responsável pelos transportes, não resolveu o problema que continua igual ou pior.
“Não basta mudar pessoas, é necessário mudar políticas”, criticou Luís Nunes.
O PAICV exige que o governo central tome medidas urgentes para garantir a conectividade entre as ilhas, destacando que, num país arquipelágico como Cabo Verde, a mobilidade interna é uma responsabilidade do Estado.
“O que vivemos é uma verdadeira prisão imposta aos foguenses, que estão impedidos de circular livremente no território nacional”, acusou.
O presidente da CPR do PAICV-Fogo reforçou que a situação prejudica directamente o desenvolvimento económico da ilha, especialmente o sector do turismo, que depende de um sistema de transportes regular e eficiente e lembrou que com cancelamentos constantes e imprevisibilidade, é impossível atrair e manter turistas.
Luís Nunes lamentou a falta de acção eficaz do governo liderado por Ulisses Correia e Silva, que, segundo o mesmo, demonstra “cansaço, desmotivação e ausência de ideias e capacidades para cumprir o que prometeu aos cabo-verdianos”.
“Este governo está no fim do ciclo, mas mesmo assim, exigimos um esforço para que os foguenses possam, ao menos, circular livremente dentro do seu próprio país”, referiu aquele dirigente partidário na ilha.
Ele também apelou à “colocação imediata de mais aviões e navios em circulação” e ao cumprimento do contrato de concessão de transporte marítimo, exigindo que a concessionária reforce a sua frota inter ilhas, como forma de ultrapassar o problema de transportes aéreo e marítimo.
Recorda-se que desde o dia 06 de Maio que os voos de e para São Filipe foram cancelados e depois de mais de uma semana é que foram retomados.
A Semana com Lusa
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