O Governo francês, liderado pelo conservador Michel Barnier, enfrenta hoje no parlamento duas moções de censura, apresentadas pela esquerda e pela extrema-direita.
A moção de censura apresentada pela aliança de esquerda Nova Frente Popular deverá ser aprovada, uma vez que a União Nacional, de extrema-direita, também teve uma iniciativa idêntica, segundo a agência francesa AFP.
Após várias concessões a exigências da extrema-direita, o primeiro-ministro, de centro-direita e antigo comissário europeu (e antigo negociador da União Europeia para o ‘Brexit’), atribuiu ao executivo a aprovação do orçamento da Segurança Social sem votação, insistindo que tinha “chegado ao fim do diálogo” com os grupos políticos.
A decisão expôs o Governo – que cumpre 100 dias no próximo 13 de dezembro – a uma moção de censura que tem todas as hipóteses de ser aprovada, com a esquerda e a extrema-direita a anunciarem que votarão favoravelmente.
Para derrubar o Governo, é necessário um voto de censura de 288 deputados, um número ao alcance de uma aliança de circunstância e invulgar entre a esquerda e a extrema-direita.
Se o executivo cair, agrava-se a crise política criada pela dissolução da Assembleia Nacional pelo Presidente Emmanuel Macron, em junho, na sequência da vitória da extrema-direita nas eleições europeias.
No mês seguinte, as eleições legislativas deram origem a uma Assembleia Nacional muito fragmentada e Barnier só tomou posse como primeiro-ministro em 05 de setembro, sucedendo a Gabriel Attal, após 60 dias de impasse.
Com o atual cenário, o país corre também o risco de uma crise financeira ligada ao nível de confiança dos mercados na capacidade das autoridades públicas de contrair empréstimos a taxas baixas.
A Semana com Lusa
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