A ONU-Habitat, programa das Nações Unidas para a Habitação, vai promover em Cabo Verde o debate sobre a vida nas cidades, com um programa que arranca segunda-feira e está direcionado para os jovens.
O outubro urbano “não é só um mês de ativismo”, mas é também um momento para promover “mudança de comportamento, considerando os padrões e as exigências da vida urbana", sublinhou.
"Este ano, o foco é a juventude e, em Cabo Verde, as instituições abraçaram a ideia”, disse à Lusa, Jeiza Barbosa, responsável pela ONU-Habitat, acerca do “Outubro Urbano”, mês habitualmente dedicado à temática.
Tendo em conta a jovialidade do arquipélago, “estaremos a trabalhar uma franja considerável da população, visando criar cidades e comunidades mais seguras, mais resilientes e mais sustentáveis", sustentou.
Segundo o censo de 2021, 74% da população cabo-verdiana vive em cidades, o que exige “padrões de comportamento, de atuação, que é necessário trabalhar” através de atividades para a sensibilização urbana, referiu Jeiza Barbosa.
Durante todo o mês de outubro, serão realizadas ações nas escolas e nas comunidades, tanto com associações de base comunitária como através da comunicação social e redes sociais.
“Envolver os jovens para Criar um Melhor Futuro Urbano” é o lema da jornada de reflexão agendada para segunda-feira, a partir das 09:00 (11:00 em Lisboa), nas instalações da Assembleia Nacional.
"O fenómeno da urbanização merece a devida atenção para que as cidades possam ser planeadas” e para que “o direito à cidade e à qualidade de vida possa ser garantido”, acrescentou.
O outubro urbano “não é só um mês de ativismo”, mas é também um momento para promover “mudança de comportamento, considerando os padrões e as exigências da vida urbana", sublinhou.
As autoridades cabo-verdianas reconhecem no Plano Nacional da Habitação 2021-2030 que o país precisa urgentemente de um estudo dedicado só ao défice habitacional.
Segundo as estimativas feitas a partir de inquéritos do Instituto Nacional de Estatística (INE), quase 23.000 famílias de Cabo Verde (uma em cada sete) vive em habitações sem casa de banho e 85.500 (mais de metade) não dispõe de chuveiro.
A maioria do parque habitacional (cerca de 80%) do arquipélago nasceu de “autoconstrução”, ou seja, feito diretamente pelos moradores, “com uma variação significativa na qualidade dos materiais utilizados, bem como nas técnicas construtivas adotadas”, refere-se no plano.
A ministra da tutela, Eunice Silva, disse, há um ano, que é preciso reabilitar mais de 40 mil casas e que é necessário construir 14 mil.
Na última semana, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, declarou “livre de barracas” uma das zonas da ilha turística do Sal onde os habitantes foram realojados, numa ação semelhante à realizada noutra ilha turística, Boa Vista.
A Semana com Lusa
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