Pedro Pires, antigo Presidente cabo-verdiano que conviveu com Amílcar Cabral, cujo centenário se celebra, classificou como um importante ganho para a memória do líder das independências o simpósio que lhe vai ser dedicado na Guiné-Bissau e Cabo Verde.
“Depois do simpósio [que hoje se inicia], muita coisa vai mudar, muitas perceções vão mudar. Acho que muita gente vai ficar surpreendida com essa organização conjunta”, referiu Pedro Pires, antigo comandante do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) na guerra colonial e que lidera a Fundação Amílcar Cabral, com sede na Praia.
A fundação tem sido a entidade agregadora das iniciativas do centenário do líder das independências, promovidas em vários países. Com o aproximar da data em que o líder da luta celebraria o seu aniversário (12 de setembro), o simpósio vai ser “um grande ganho para a memória de Amílcar Cabral”.
O objetivo será “contextualizar a vida de Amílcar Cabral e as suas realizações dentro do panorama mais amplo da história africana e mundial” e as comunicações podem estar alinhadas com 13 eixos temáticos, que incluem o desenvolvimento socioeconómico de África, as questões agrárias ou as pontes para o novo diálogo Norte-Sul e Sul-Sul.
O simpósio decorrerá hoje e terça-feira na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) e quarta e quinta-feira no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), em Bissau.
"[Esta ponte entre os dois países, que um dia estiveram para ser um só], é das coisas mais interessante que conseguimos”, disse Pedro Pires.
“Quando se pensava que a Guiné-Bissau não se interessaria ou que estava em situação difícil de participar nessas celebrações, temos hoje organizações guineenses que participam na celebração e, mais do que isso, vamos organizar um simpósio” em conjunto, salientou.
A Fundação Amílcar Cabral já se tinha queixado da falta de um interlocutor do lado de Bissau para organizar um programa, pelo que o volte-face acabou por ser uma surpresa.
“Surpreendeu-me sim, mas eu disse-lhes num dado momento: façam o seguinte, esqueçam o Estado, o Governo, organizem [as atividades] como instituições da sociedade civil, da mesma forma que aqui não dependemos do Governo”, referiu Pedro Pires.
O encontro internacional decorre na mesma altura da data de aniversário de Amílcar Cabral, mas não significa que as iniciativas associadas ao centenário terminem.
“Vamos organizar outras atividades até ao fim do ano e também no 20 de janeiro” de 2025, data que assinala os 52 anos do assassinato de Amílcar Cabral.
Pedro Pires disse-se “surpreendido” com tudo o que tem sido promovido ao longo do ano para celebrar a figura histórica.
Desenvolvidas desde 2022, as iniciativas aceleraram em janeiro, com a estreia de uma peça de teatro - “A Última Lua do Homem Grande”, pelas companhias Sikinada Cabo Verde e Art’imagem de Portugal -, e já incluíram também música, marchas e debates.
Os debates têm tratado temas da política à agronomia, passando pelo desporto, mostrando a multidisciplinaridade de Cabral.
A Semana com Lusa
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