O debate entre Kamala Harris e Donald Trump, marcado para 10 de setembro em Filadélfia, no estado crítico da Pensilvânia, vai focar-se nos temas da economia, imigração e aborto e terá consequências no estado da corrida.
“Vai ter consequências. Há imensa competição neste momento por um grupo pequeno de eleitores”, disse à Lusa o cientista político Thomas Holyoke, professor na Universidade Estadual da Califórnia em Fresno.
Após o feriado nacional Labor Day, que marcou o fim oficioso do verão e o momento em que mais eleitores começam a prestar atenção, o debate no canal ABC será uma oportunidade para Donald Trump tentar definir a oponente em termos negativos e de Kamala Harris se apresentar aos que ainda não se decidiram sobre ela.
“Faltam menos de dois meses para as eleições”, frisou Holyoke, referindo que a votação antecipada vai começar nalguns estados.
O formato do debate, segundo as regras divulgadas pela ABC, será de 90 minutos com dois intervalos publicitários e microfone fechado para quem não está a responder a uma pergunta. São condições inusitadas na visão do cientista político Brian Adams, professor na Universidade Estadual da Califórnia em San Diego.
“O que acho surpreendente é que a Comissão de Debates Presidenciais, que por norma organiza os debates, foi completamente posta de lado”, disse à Lusa. “Isso dá mais poder às campanhas para decidirem as regras do debate e removerem um árbitro neutro quando discordam”, frisou.
Moderado pelos jornalistas David Muir e Linsey Davis, o frente a frente será transmitido na ABC News Live, Disney+, Hulu e outros canais que fizeram acordo com a estação.
Com a negociação direta, haverá pausas para anúncios. “Habitualmente, os debates não tinham publicidade”, notou o professor Brian Adams, que considera imprevisível o resultado do confronto.
De acordo com fontes próximas dos candidatos que têm falado com alguns meios de comunicação, a estratégia de Kamala Harris será atacar os falhanços de Donald Trump enquanto presidente, desde a forma como geriu a pandemia de covid-19 à construção do muro na fronteira.
Holyoke espera que Harris se foque também no aborto, sendo este um tema que Trump procurará evitar. O republicano procurará, ao invés, acossar Harris pela elevada inflação durante a administração Biden, da qual é vice-presidente, e a crise de imigração na fronteira.
“A estratégia dele vai ser atacá-la”, disse o professor, apontando para debates passados em que Trump optou por ataques pessoais e tentativas de irritar os oponentes. “Não sei o que ela vai fazer, mas parece-me que a melhor estratégia será ignorá-lo completamente”.
Os candidatos chegam ao debate com Kamala Harris à frente nas intenções de voto nacionais (47% contra 43,9%) mas um empate no estado da Pensilvânia (47%) que será decisivo para a chegada à Casa Branca. Nos outros estados críticos, Harris lidera em quatro e Trump vai à frente no Arizona. No entanto, a diferença entre ambos tem sido inferior à margem de erro.
A Semana com Lusa
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