O secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri, considerou hoje que a Guiné-Bissau “não está em condições” de receber a cimeira e a presidência da CPLP, em 2025, devido à instabilidade política.
“Nós, de fora, queremos uma solução, mas se eles não quiserem resolver e não houver honestidade dos políticos para resolver o problema, ninguém mais consegue”, disse.Referindo-se ao chefe de Estado guineense, que tem sido acusado pela oposição de estar a instalar uma ditadura no país, Mari Alkatiri referiu: “O Presidente da Guiné-Bissau diz que é meu amigo, mas eu não me lembro dele”.
Em entrevista à agência Lusa a propósito dos 25 anos do referendo que levou à independência de Timor-Leste, o líder do principal partido da oposição defendeu que a instabilidade naquele país deve-se à “força que atua na Guiné-Bissau”, que, “toda a gente sabe, é a droga”.
“As pessoas […] quando assumem o poder, pensam que têm de estar lá até à morte e, para mim, tenho muita pena, mas a Guiné-Bissau não está em condições de receber a cimeira”, em julho de 2025, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), disse. O país africano assumirá depois a presidência rotativa de dois anos da organização.
Questionado sobre se o acordo assinado pelos partidos da oposição para resistir "à contínua violação da Constituição” pelo Presidente Umaro Sissoco Embaló pode ser a solução para a instabilidade política na Guiné-Bissau, Mari Alkatiri considerou que “podia ser o caminho”, mas que “depende muito daquilo que eles vierem a fazer quando assumirem o poder”.
Duas plataformas de partidos guineenses, que representam cerca de 95% dos deputados no parlamento, anunciaram em 12 de agosto em Lisboa a criação do Fórum para a Salvação da Democracia e que vão convocar "manifestações populares" contra o chefe de Estado guineense, que dissolveu o parlamento em 04 de dezembro de 2023, alegando uma grave crise política, e convocou eleições legislativas antecipadas para 24 de novembro deste ano.
“Quando se entra numa profunda crise dessas, o princípio da inclusão na política é fundamental”, disse o também ex-primeiro-ministro de Timor-Leste, reforçando que a solução “tem de vir de dentro”.
“Nós, de fora, queremos uma solução, mas se eles não quiserem resolver e não houver honestidade dos políticos para resolver o problema, ninguém mais consegue”, disse.
Referindo-se ao chefe de Estado guineense, que tem sido acusado pela oposição de estar a instalar uma ditadura no país, Mari Alkatiri referiu: “O Presidente da Guiné-Bissau diz que é meu amigo, mas eu não me lembro dele”.
O dirigente timorense referiu ainda que as relações entre os diferentes Estados da CPLP devem ser encaradas, “não apenas em termos históricos e culturais”, mas deve haver a “capacidade para dar o salto para uma cooperação técnica e económica”.
Sobre as relações entre Timor-Leste e Portugal, Mari Alkatiri defende uma “cooperação de igual para igual e que não haja paternalismos”.
“Portugal, porque gosta de Timor, trata os estudantes que vão para Portugal com paternalismo. Não. Nós queremos que eles voltem bem formados, que voltem a dominar a língua portuguesa, não tem acontecido isso, salvo raríssimas exceções para confirmar a regra”, exemplificou.
A Semana com Lusa
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