Os empresários cabo-verdianos querem apostar na produção industrial, através das novas tecnologias, para poder aumentar as exportações, disse hoje, na Praia, o presidente da Câmara de Comércio de Sotavento.
“Cabo Verde ainda vive aquém daquilo que é normal num país em vias de desenvolvimento, que é ter indústrias capacitadas para exportar ou para responder à demanda interna”, analisou Marcos Rodrigues, ao intervir na abertura de uma feira itinerante, que a agremiação organiza com o Banco Africano de Importações e Exportações (Afreximbank) na capital cabo-verdiana.
O líder da maior associação empresarial de Cabo Verde, com mais de 700 membros, disse que é preciso “acrescentar uma nova via” aos vários processos de financiamentos no país, para dar aos empresários instrumentos para apostarem na produção industrial com vista à exportação.
Marcos Rodrigues disse que o país tem “problemas” em todos os ecossistemas de desenvolvimento, exemplificando que no turismo a maioria dos produtos são importados e Cabo Verde importa cerca de 80% dos produtos que consome.
Por isso, afirmou esperar uma “capacidade firme” dos empresários para montar “projetos inovadores e disruptivos” e assim fazer essa transição para a industrialização.
“Não podemos continuar a depender sistematicamente, permanentemente e continuadamente da importação como fator do desenvolvimento das nossas Nações”, insistiu o empresário, que quer “romper” com a situação atual e criar “indústrias altamente capacitadas”.
Quanto aos produtos, avisou que devem estar certificados a nível internacional, que tenham qualidade e design para competir a nível global e que o foco deve ser a robotização, a inteligência artificial, a realidade virtual e aumentada.
Com a feira itinerante de dois dias, o Afreximbank e a Câmara de Comércio de Sotavento querem diversificar, fomentar e apoiar o crescimento económico de Cabo Verde.
Subordinado ao tema "Catalisar o crescimento da produção local e das exportações no âmbito da implementação do Acordo da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA)", o evento visa ainda identificar e promover projetos bancáveis em vários setores no país para além do turismo.
Com mais de 20 anos, o Afreximbank tem uma carteira de financiamento de 290 milhões de dólares em Cabo Verde, em créditos e garantias, sobretudo na área do turismo, mas quer também diversificar o mercado, apostando na indústria local, com capacidade de exportação.
Conforme avançou Eric Monchu Intong, diretor de Operações Regional da África Ocidental Anglófona, o banco quer ajudar a promover uma “nova economia” no arquipélago, e vai dar uma garantia para financiar um projeto de produção de inertes que vai exportar para a África Ocidental.
O Afreximbank é a principal instituição financeira multilateral do continente dedicada ao financiamento e à promoção do comércio intra-africano, que ronda os 18%, e extra-africano (64%).
No início deste mês, o banco anunciou a quintuplicação do capital social, que passou de cinco para 25 mil milhões de dólares.
A Semana com Lusa
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