Cabo Verde espera estabelecer uma cooperação estreita com os Estados Unidos, especialmente na área da Saúde, com o Presidente a indicar que o país africano poderá ser uma referência para serviços hospitalares e farmacêuticos na região.
Em entrevista à Lusa, o Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, afirmou que a sua recente viagem a solo norte-americano "ultrapassou todas as expectativas", tendo sido "abertas algumas avenidas" que poderão dar "frutos importantes no futuro, numa cooperação estreita entre os Estados Unidos, as empresas e o Governo de Cabo Verde".
Um dos pontos de paragem do chefe de Estado foi a Cimeira Empresarial EUA-África, que decorre até hoje, quinta-feira, em Dallas, no estado do Texas, onde José Maria Neves participou num diálogo de alto nível sobre Saúde e em que discutiu as parcerias que podem ser feitas para "acelerar o passo no domínio da transformação dos sistemas de saúde em África e a prestação de serviços de mais qualidade no continente".
O Presidente admitiu que foram estabelecidos contactos com várias empresas e entidades no domínio da saúde, telecomunicações, energia, tecnologias de informação e comunicação.
"Há aqui muitas possibilidades de desenvolvimento de negócios nesses setores, com uma forte implicação do setor privado, mas há também possibilidades de desenvolvimento de negócios no setor da saúde", declarou à Lusa.
"Cabo Verde pode receber hospitais de referência para prestar serviços altamente qualificados para a região. Pode receber centros de formação no domínio da saúde para formação de especialistas de alto nível. Cabo Verde também pode receber empresas de fabricação, de comercialização, de gestão e manutenção de equipamentos hospitalares. E Cabo Verde pode desenvolver todo o setor das indústrias farmacêuticas, considerando todo o mercado da África Ocidental", defendeu ainda.
José Maria Neves assegurou que Cabo Verde está interessado em desenvolver-se e que o próprio Governo cabo-verdiano já apresentou várias propostas, estando neste momento a discutir com a agência dos Estados Unidos 'Millennium Challenge Corporation'(MCC) sobre o próximo compacto.
No mês passado, à margem das Reuniões de Primavera 2024 do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, em Washington, Cabo Verde e o MCC já haviam assinado um Acordo de Concessão de Financiamento Compacto, para dar início à operação no país.
O Acordo de Concessão de Financiamento Compacto, ou 'CDF Agreement', faz parte do terceiro Compacto Regional do MCC a Cabo Verde e concede uma subvenção que vai apoiar e facilitar o desenvolvimento no país, assim como o início da aplicação do programa.
Um dos motivos que levou José Maria Neves aos EUA esta semana foi precisamente as celebrações do 20.º aniversário do Millennium Challenge Corporation, respondendo, assim, ao convite que lhe foi formulado pela CEO do MCC, Alice Albrignt, por ocasião da sua visita a Cabo Verde, em fevereiro deste ano.
"Nós participámos num painel de alto nível sobre os impactos do programa no continente africano e sobre as perspetivas futuras. Os impactos são enormes, porque é um programa a cujos recursos se acede de forma competitiva. Tem que haver indicadores de boa governança, de gestão rigorosa e transparente da coisa pública, de 'accountability', de investimento nas pessoas e tem que haver instituições políticas e económicas inclusivas, de modo a que os recursos sejam aplicados no combate à pobreza", explicou o Presidente.
"Cabo Verde, com os dois compactos que já recebeu, conseguiu efetivamente modernizar as suas infraestruturas, estradas, portos, estruturas de mobilização da água, de saneamento e também a modernização institucional (...). Os compactos contribuíram para acelerar o crescimento do país, para o aumento da competitividade da nossa economia e também para o combate à pobreza", observou.
O chefe de Estado aproveitou a sua deslocação a Dallas para se encontrar com a comunidade cabo-verdiana no Texas.
A Semana com Lusa
Terms & Conditions
Subscribe
Report
My comments