Os quatro países que estiveram trancados no Tarrafal juntaram hoje quatro vozes em palco no antigo campo de concentração para celebrar os 50 anos da libertação dos presos políticos.
Mário Lúcio, escritor, cantor e compositor cabo-verdiano, natural do Tarrafal, evocou os “maltratados” e “ultrajados” na abertura do espetáculo, narrando o sofrimento da viagem pelo mar dos primeiros presos, até chegarem ao desterro que havia de encarcerar quase 600 pessoas.
“Já não é mais uma prisão e que nunca mais o volte a ser”, disse Teresa Salgueiro, que depois cantou “Por trás daquela janela” que José Afonso dedicou a quem também estava preso em Caxias sob a ditadura.
A música de Angola ecoou pela voz de Paulo Flores, música “feita tanto de sofrimento como de esperança”, explicou, para, mais à frente, cantar “Amanhã”, do Duo Ouro Negro.
Karyna Gomes levou ao palco a voz da Guiné-Bissau, “um país fundamental” para a liberdade que hoje se celebra, porque a luta de libertação assim o ditou.
“A nossa luta foi toda cantada” e esses foram temas escolhidos para um espetáculo de união, em que a cantora pediu um “viva” a Amílcar Cabral.
“Ele vive em nós”, acrescentou, numa evocação do líder pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Quase no final, os quatro juntaram-se para cantar “Venham mais cinco”, de José Afonso.
Na primeira fila da plateia, assistiram ao espetáculo o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, o chefe de Estado cabo-verdiano, José Maria Neves, e o ministro da Defesa de Angola, em representação de João Lourenço – o Presidente guineense, Sissoco Embalo, interveio na sessão especial, ao fim da manhã, mas ausentou-se logo depois.
Nos discursos da altura, os chefes de Estado apontaram o antigo campo (hoje, museu) como exemplo daquilo que nunca mais se quer, defendo a consolidação da democracia e liberdade.
A Semana com Lusa
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