Cabo Verde e Brasil querem aumentar as relações comerciais e pedem a retoma das ligações marítimas e aéreas, interrompidas durante a pandemia da covid-19, anunciaram esta terça-feira os dois países, no final da quarta reunião de consultas políticas.
“Queremos fomentar as relações económicas e empresariais com o Brasil, há um potencial, e teremos de trabalhar um pouco mais a conectividade, seja ela marítima ou aérea”, afirmou a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Cabo Verde, Miryan Vieira, no final da reunião que decorreu na capital cabo-verdiana, Praia.
O secretário para África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Carlos Duarte, disse que, pela sua posição geoestratégica, Cabo Verde também proporciona ao seu país “oportunidades” de acesso ao mercado africano.
A companhia aérea cabo-verdiana (TACV), que já voa para Portugal, França e Itália, pretende retomar as ligações com o Brasil, após a suspensão durante a pandemia da covid-19.
“O Brasil é um país em desenvolvimento que tem aspirações e capacidades muitas vezes semelhantes e complementares com Cabo Verde e temos todo o interesse em aprofundá-las”, manifestou o diplomata.
Carlos Duarte disse que as empresas brasileiras “têm interesse em participar mais” no mercado de Cabo Verde, através de investimentos e do comércio, numa altura em que o Governo tem em curso um programa de privatizações de nove empresas públicas, que pretende terminar até 2025.
“São oportunidades económicas que o setor privado brasileiro deve considerar seriamente”, desafiou o porta-voz do Governo brasileiro, que apontou ainda o turismo e a exportação de alimentos como áreas que os dois países podem dinamizar.
Entretanto, salientou que é preciso um “conhecimento maior” das oportunidades, bem como a criação de instrumentos governamentais para proteção de investimentos.
O fórum bilateral realizado hoje na capital cabo-verdiana serviu para partilha de informação e balanço das ações de cooperação entre os dois países, que já acontece em áreas como a capacitação técnica, assistência humanitária, defesa, saúde e educação.
Os dois países estão a desenhar um Plano de Desenvolvimento Integrado (PDI), que deverá ser assinado ainda este ano e abranger áreas como as mudanças climáticas e preservação ambiental, saúde, turismo e o empreendedorismo.
“O setor privado também terá um papel importante na materialização desse novo quadro de cooperação com o Brasil”, reforçou Miryan Vieira, considerando que, com isso, os dois países estarão a dar uma “outra roupagem” às suas relações bilaterais.
Da agenda dos trabalhos da reunião de cerca de quatro horas esteve ainda a situação política e socioeconómica nos respetivos países e a geopolítica internacional.
A última consulta entre os dois países aconteceu na cidade da Praia, em 2015, depois das duas iniciais, em 2009 e 2012.
A Semana com Lusa
13 de Março de 2024
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