Cabo Verde "não quer ser penalizado pelo seu sucesso", nomeadamente por ter passado a país de rendimento médio, com o Governo a apelar à continuidade de apoio para "alcançar a meta" em áreas como a igualdade de género.
Em declarações à Lusa na sede das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, o ministro da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social de Cabo Verde, Fernando Elísio Freire, defendeu a necessidade de se continuar a apostar num esforço conjunto em prol da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, admitindo estar alinhado com a comunidade internacional nessa ambição.
"Estamos a transmitir essa mensagem nas reuniões e encontros que mantemos com as várias estruturas, com vários países, mas também deixamos uma mensagem muito clara: Nós fazemos isso por nós, por Cabo Verde, pelos cabo-verdianos, porque ambicionamos ser um país de igualdade de oportunidades. Estamos alinhados com a comunidade Internacional", frisou.
"Mas também não queremos ser penalizados pelo nosso sucesso. (...) Porque a passagem de Cabo Verde para um país de rendimento médio pode levar a que, numa ou noutra área, tenha havido algum tipo de pensamento: 'já estão no bom caminho, vamos deixá-los'. Mas é preciso garantir os ganhos e permitir que se dê o passo seguinte. Nós queremos ter sucesso, que os outros tenham sucesso, mas queremos chegar à meta", reforçou o ministro.
Fernando Elísio Freire e a presidente do Instituto Cabo-Verdiano para a Igualdade e Equidade de Género, Marisa Carvalho, estão em Nova Iorque para participar na 68.ª Sessão da Comissão das Nações Unidas sobre o Estatuto da Mulher.
Cabo Verde foi eleito para essa Comissão para o período 2022-2026 e, este ano, integrou pela primeira vez a mesa da Comissão como vice-presidente, juntamente com a Argentina, a Letónia e os Países Baixos, sob a presidência das Filipinas.
De acordo com o ministro, "está no ADN de Cabo Verde ver a todos por igual, tratar a todos por igual e desenvolver políticas que materializem isso", e, apesar de sustentar que "já muito foi feito" pela igualdade de género, destacou que o seu país ainda tem "um caminho pela frente".
"Trata-se de uma questão de dignidade e igualdade de oportunidades. Há áreas em que já evoluímos muito, mas também sabemos que podemos dar passos mais importantes a nível de cuidados, a nível de conciliação da vida privada com a vida profissional, nas reformas da segurança social, e, como somos uma economia ainda com muita informalidade, trazer a questão dos cuidados informais para dentro das medidas que podemos desenvolver", apontou.
"Isso são áreas em que podemos dar um passo em frente e estamos a trabalhar nisso. Temos que chegar aos 120 dias de licença de maternidade, temos que ajudar a desenvolver mecanismos de cuidados para as senhoras. (...) Tudo isso são áreas que Cabo Verde está empenhado em fazer reformas para atingir a plena igualdade de género no país", assegurou Fernando Elísio Freire.
O governante destacou ainda que o apoio necessário não é apenas financeiro, mas também a "nível de capacitação, a nível técnico, de envolvimento e de sensibilização".
Reconhecendo que as mulheres têm sido discriminadas em vários setores e que são também as "principais vítimas das guerras, das crises e mesmo da questão das alterações climáticas", Elísio Freire confia que as mulheres podem agora liderar novas oportunidades que surgem das adversidades.
"A alteração climática traz uma nova abordagem para agricultura, para a pesca, traz uma nova abordagem para relação com a natureza. Isto é uma economia que está a surgir e as mulheres podem liderar esta nova economia. Por isso, Cabo Verde está a fazer esse caminho. Estamos a transmitir isso nas reuniões que vamos tendo", enfatizou.
O tema central da 68.ª Sessão da Comissão do Estatuto da Mulher é "Acelerar a concretização da igualdade de género e o empoderamento de todas as mulheres e raparigas, combatendo a pobreza, promovendo e reforçando as instituições e o financiamento com uma perspetiva de género".
A Semana com Lusa
13 de Março de 2024
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