Agências de viagens e turismo de Cabo Verde saudaram esta quarta-feira o regresso da companhia nacional TACV aos voos domésticos e querem que seja concorrente da atual concessionária, a angolana Bestfly.
“O nosso mercado precisa de concorrência”, disse à Lusa o presidente da Associação das Agências de Viagens e Turismo de Cabo Verde (AVT), Jorge Teixeira.
As ligações aéreas entre as ilhas de Cabo Verde são operadas há mais de seis anos por uma única companhia, em regime de concessão, a angolana BestFly, que comprou a maioria do capital da Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV), antes detida pelos espanhóis da Binter.
Ao longo dos anos, as ligações têm-se tornado imprevisíveis, sujeitas a atrasos e cancelamentos recorrentes, causando indignação no arquipélago, tanto por parte de residentes como de turistas estrangeiros.
Para o presidente da AVT, a Bestfly tem mostrado uma “incapacidade” de assumir os compromissos, pelo que saudou o regresso da TACV.
O líder associativo considerou que se trata de uma medida urgente e que a aviação civil em Cabo Verde deve ser “pensada e planeada”, tendo em conta que, em 2023, o país recebeu mais de 900 mil visitantes e o setor do turismo representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB).
“Não podemos continuar a ser contemplados com medidas emergenciais que a médio e longo prazo não trazem estabilidade”, sustentou Teixeira, esperando, por isso, que a TACV não venha apenas “tapar buracos”.
“É uma boa medida”, avaliou também Isabel Fortes, sócia-gerente da IsaTour, com sede na cidade da Praia, notando desde há alguns anos "um aumento da procura” por parte do mercado cabo-verdiano.
A transportadora aérea cabo-verdiana anunciou hoje o regresso aos voos domésticos em Cabo Verde, quase sete anos depois de ter deixado de os realizar.
A companhia vai operar com um avião ATR - com perfil para voos regionais com cerca de 70 passageiros - alugado à Air Senegal e a partir dos quatro aeroportos internacionais: Praia, Sal, São Vicente e Boa Vista.
Alda Furtado, responsável da Multiviagens Tour, disse à Lusa que espera que a companhia comece rapidamente a viajar também para o aeródromo de São Filipe, na ilha do Fogo, para onde tem tido mais pedidos.
“Esperamos que tenha voos para todas as ilhas. E para o Fogo dava muito jeito”, manifestou a empresária do setor do turismo, que também já começou a vender os bilhetes para viajar na companhia aérea pública cabo-verdiana.
Em 2017, Governo reestruturou a TACV, e a primeira medida foi o fim das ligações domésticas.
Em março de 2019, vendeu 51% da operadora por 1,3 milhões de euros à empresa islandesa Loftleidir e a empresários daquele país.
Entretanto, na sequência da paralisação da companhia durante a pandemia de covid-19, o Estado assumiu a posição, alegando vários incumprimentos e dissolvendo os corpos sociais.
Fundada em 1958, a companhia faz ligações internacionais com Lisboa (Portugal), Paris (França) e Bérgamo (Itália) e tem ainda nos planos a retoma dos voos para Brasil, Bissau (Guiné-Bissau), bem como abrir ligações para Boston (Estados Unidos).
A Semana com Lusa
28 de Fevereiro de 2024
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