Um estudo sobre a qualidade da democracia e da governação revelou hoje uma "queda de confiança" dos cabo-verdianos em todas as instituições, incluindo a Presidência da República, Assembleia Nacional e uma avaliação negativa do desempenho do Governo.
Os principais resultados evidenciam uma "queda acentuada" na confiança e no desempenho das instituições entre 2022 e 2024.A confiança no Presidente, José Maria Neves, diminuiu de 65% para 40%, enquanto a avaliação do seu desempenho caiu de 72% para 55%.Já o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, registou uma quebra de 57% para 31% na confiança, e o desempenho do seu Governo caiu de 80% para 47%.Também a Assembleia Nacional registou índices baixos de confiança e avaliação, enquanto as Forças Armadas, apesar de continuarem a ser a instituição mais confiável, sofreram uma redução significativa, passando de 74% para 54%.
"Neste estudo ( em que Asemanonlive teve acesso e desenvolverá nas próximas edições), realizado entre o final de agosto e início de setembro, constata-se uma queda na confiança em todas as instituições, desde o Presidente da República, passando pelo primeiro-ministro, Assembleia Nacional e até a Comissão Nacional de Eleições", adiantou o diretor nacional da Afrosondagem, José Semedo.
Na apresentação pública dos dados, na cidade da Praia, o responsável explicou que o inquérito envolveu 1.200 entrevistados das ilhas de Santiago, São Vicente, Santo Antão e Fogo, abrangendo mais de 85% da população cabo-verdiana.
Os temas analisados incluem a satisfação com a democracia, a corrupção, a confiança nas instituições, o desempenho do Governo e as relações institucionais entre o Presidente da República e o primeiro-ministro.
Os principais resultados evidenciam uma "queda acentuada" na confiança e no desempenho das instituições entre 2022 e 2024.
A confiança no Presidente, José Maria Neves, diminuiu de 65% para 40%, enquanto a avaliação do seu desempenho caiu de 72% para 55%.
Já o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, registou uma quebra de 57% para 31% na confiança, e o desempenho do seu Governo caiu de 80% para 47%.
Também a Assembleia Nacional registou índices baixos de confiança e avaliação, enquanto as Forças Armadas, apesar de continuarem a ser a instituição mais confiável, sofreram uma redução significativa, passando de 74% para 54%.
Problemas como desemprego, saúde e criminalidade foram os mais apontados pelos inquiridos, além de preocupações com a proteção infantil contra abusos sexuais.Na esfera económica, mais de dois terços dos cabo-verdianos consideram que o país está "na direção errada", o que contribui para a diminuição da confiança nas instituições.A perceção de corrupção também aumentou. A polícia foi identificada como o setor com maior nível de corrupção, com 27% dos inquiridos a acreditarem que a maioria dos seus membros está envolvida em práticas ilícitas.
Também foram mencionados casos associados ao primeiro-ministro e a funcionários do seu gabinete, com a perceção de corrupção subindo de 22% em 2022 para 24% em 2024.
Outro ponto em destaque foi a tensão nas relações institucionais entre o Presidente da República e o primeiro-ministro.
Para 35% dos entrevistados, a relação é "muito tensa", enquanto 33% consideram-na "normal".
Quando questionados sobre os responsáveis por esse clima, 46% atribuíram culpas a ambos, enquanto 26% indicaram exclusivamente o primeiro-ministro, e 16% responsabilizaram apenas o Presidente.
"Há vários fatores que explicam a falta de confiança", concluiu José Semedo, sublinhando que, no caso do Presidente e do chefe do Governo, as relações institucionais têm mostrado sinais de instabilidade.Recentes episódios de distanciamento institucional, como a ausência de comentários do Presidente cabo-verdiano sobre a visita do seu homólogo norte-americano Joe Biden ao país, recebido pelo primeiro-ministro, têm alimentado críticas e dúvidas sobre a harmonia entre as principais figuras do Estado.
Os resultados do estudo também coincidem com um momento de tensão política em Cabo Verde, marcado pela derrota do Movimento para Democracia (MpD, poder) pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) nas autárquicas de 01 de dezembro, atribuída ao desempenho do Governo em algumas áreas como transportes e economia.
Analistas políticos consideram os resultados eleitorais um sinal de alerta para a governação, apontando possíveis mudanças na prática política ou no elenco governamental.
A Semana com Lusa
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